sexta-feira, 25 de abril de 2008

O Meu Dia 25 de Abril de 1974

Estava sol, não tão quente como hoje, mas estava sol!

O dia começou como os outros: levantei-me, esperei pela minha amiguinha Paula no fundo das escadas do prédio e lá fomos nós para a escola. Andávamos na segunda classe, sim porque naquela época era segunda classe que se dizia! nessa época os meninos também iam para a escola sozinhos, esses eram livres, ao contrário de agora!

Bom, mas é daquele dia que estou a falar, na escola tudo normal, deu-se a matéria, fomos para o recreio, e é quando começa o burburinho...os pais a chegarem à escola, a levarem os meninos, as professoras também saírem...estranho, mas que se passa?

Essa pergunta foi feita à professora que respondeu:

-Não se passa nada, o que tinha de se passar já passou e agora está tudo bem.

Os pais continuavam a ir buscar os meninos, até que da escola só a minha professorara lá estava com os poucos de nós que restavam. A professora era a mesma de sempre.

Com o argumento de que tinham ouvido no rádio, que algo se passava, por volta do meio-dia, os pais de um menino, do Victor, foram buscá-lo. Nesse momento, não sei porquê senti uma sensação de abandono. O pai da Paula já a tinha ido buscar e eu tinha-me aguentado, mas naquela altura... eu que até era uma miúda de expressar pouco o que me ia na alma!

Esse menino e o irmão ficavam de tarde em casa da D. Guilhermina... mais uma diferença: naquele tempo não havia ATL, havia as 'mestras' e os meninos que não tinham onde ficar porque os pais trabalhavam, iam para lá... eu também ia... e quanto eu gostava!

Então eu levantei-me e disse:
-E eu, posso ir embora? Os meninos estão todos a ir e os meus pais não me vêm buscar?!
-Mas eles não têm de te vir buscar, a escola só acaba à uma e tu vais sozinha como é costume!-Respondeu a professora.
-Mas, Senhora professora, eu não posso ir já? O Victor também vai para a Senhora ( era assim que tratávamos a D. Guilhermina)!
-Se quiseres vai, mas não vejo necessidade!

Pronto e eu lá fui com eles, na 4L bordeux, ainda me lembro! Mais apreensiva que assustada. De facto, recordando aquele dia, não estava assustada, mas estava ansiosa por ver os meus pais!

Não sei se a minha mãe me foi buscar mais cedo que o habitual, sei sim que esperei uma eternidade com o queixo pousado no portão da casa da Senhora...

Enquanto esperava, toda a gente que passava levava jornais e muitos deles liam-nos enquanto caminhavam, com se as notícias se desactualizassem antes de chegarem a casa. Também havia mais gente na rua que o habitual, pensava eu! É que a partir de uma certa hora, aquele dia contou para a 'estatística da rotina': mais pessoas que o habitual na rua, os pais a irem buscar os meninos fora de horas, não se estudou, o Sr Chaves ( marido da Senhora) nervoso! Sim esse estava nervoso e esteve pouco tempo connosco na cave!

Às tantas, ao fundo da rua vejo um vulto, que pelo andar seria a minha mãe, sim porque ela também vinha a ler o jornal em passo apressado! Não é que eu não estivesse habituada a ver a minha mãe ler o jornal, mas na rua?! Estranho!

Quando ela se aproximou, abraçou-me com um sorriso de orelha a orelha, sem largar o jornal, claro e eu perguntei-lhe:

-Que se passa, mamã?

- Foi uma revolução. Quando chegarmos a casa a mãe explica. Peguei no jornal, era uma edição especial da tarde do JN, com poucas páginas, e na capa tinha uma fotografia de um tanque de guerra com militares em cima muito felizes.

Peguei nas minhas coisas e lá fui eu para casa.

Naquele dia não houve desenhos animados, era só notícias com imagens de militares, iguais à do jornal!


Entretanto chega o meu pai, feliz da vida, esse não trazia o jornal, vinha carregado de jornais! Conhecendo-o como o conheço, nem precisava de ter essa imagem na minha memória, seria assim que o imaginava naquele dia!

O telefone estava sempre ocupado, ou era o meu pai a telefonar ou alguém a telefonar-lhe... a campainha também esteve bastante concorrida com amigos nossos a passarem lá por casa!

Não sei se me deitei mais cedo ou mais tarde que o habitual... nesta idade o tempo está ligado à ânsia e não ao relógio, quanto muito estaria à televisão, mas como a programação mudou completamente, não sei!

Sei que no dia seguinte fui para a escola, e a rotina recomeçou...num país agora livre...os militares tinham-nos dado uma coisa que nós não sabemos, nem nunca soubemos valorizar!

Nem os que nasceram durante o estado novo nem os que nasceram num país livre... esse muito menos... e é por isso que agora os meninos não são livre num país dito livre... eu no fascismo, ia para a escola sozinha... os meninos de agora, não!

Afinal onde está a liberdade? O que é afinal LIBERDADE???????????????



( imagens tiradas da net)



segunda-feira, 21 de abril de 2008

República Checa

Na semana passada estive, pela segunda vez, quatro dias na República Checa em trabalho.
Confesso que da primeira vez não gostei muito...para além de muita novidade, era uma fase profissional com muitas novidades e de muito trabalho.
No dia em vim embora estive duas horas em Praga e dessas duas horas 1h30 deve ter sido ao telefone a resolver problemas de cá...prefiro nem falar dessa fase, pois deu-me (e continua a dar) muito trabalho transitar para a fase em que estou, que apesar de ainda se de muito stress, não se compara a essa! Irra!
Bom, estas fotos são desta nova visita, a segunda, que foi muito mais calma que a anterior!
Passamos também por Praga no último dia, mas de uma forma mais serena sem stress. O stress foi no primeiro dia, em que descobrimos que o hotel ficava a 80 km de Praga e 30 de Mláda Boleslav, a cidade onde tínhamos as reuniões! Saímos de Praga às 18h00 e chegamos a Dosky ( vila do Hotel) às 21h30! O jantar foi uma paragem num McDrive e comemos no quarto do hotel...É que tínhamos de chegar ao hotel antes das 22h00, senão não entravamos!
Bom depois disso, foi interessante...lindo...o único senão, é que fui ao museu da Skoda e gastei a bateria da máquina fotográfica e...depois não pude tirar fotos em Praga!

Estas fotos são: a primeira de Dosky, de manhãzinha , tirada da varanda do quarto e a segunda de Mlada Boleslav em frente ao restaurante onde jantávamos.

Foi bom, hei-de lá voltar... se não for em trabalho, por mim!







quarta-feira, 9 de abril de 2008

Amanhã..faço anos

Pois é, amanhã cá vem mais um para cima do pêlo!

A idade é uma coisa engraçada! Como as coisas mudam com o avançar da idade!
Ficamos menos permeavéis a lamechice e pedinchices...Não é que eu seja muito de fazer donativos e essas coisa, pois sempre achei que o que eu estava a dar só uma pequena percentagem ia parar ao destino e pelo meio um sem número de pessoas estavam a encher-se! Mas agora estou impossível! A única coisa para a qual vou contribuindo é o cancro da mama..não consigo ficar indiferente...mesmo sabendo que do que eu dou só 10% lá chegam!
E acreditar nos outros? Também confesso que fui sempre para o desconfiado, mas houve uma fase da minha vida, que achando que era um pouco dura, me tornei muito coração de manteiga...era como que a redimir-me, mas agora? Não quando era miúda é que estava certa...não podemos acreditar em (quase) nada do que nos dizem!
Passamos a reagir a menos coisas e mais com a razão e menos com o coração...isso é bom, muito bom! Não sofremos, nem nos penalizamos pelo que fizemos a quente... se bem que continue a achar que só nos devemos arrepender do que não fizemos... desde que seja com a razão e não com o coração... decididamente o coração e a emoção leva-nos por maus caminhos!
Nisso a minha mãe é artista... e a minha avó do alto dos seus 92 anos é o topo!Tanto uma como a outra sempre as conheci muito pouco emotivas...sempre foi preciso muito para que elas se emocionassem...e se deixassem levar!
Em Outubro passado, um tio nosso faleceu, tio esse casado com uma irmã da minha avó! Como é uma das poucas datas que não escolhemos na vida, ele morreu depois de doença prolongada e, ironia do destino, não tinha lugar no cemitério da terra dele.
Como a minha avó tem um jazigo grande no mesmo cemitério, disse À minha mãe para falar com a minha avé e assim o tio seria a li enterrado. A minha mãe desde o primeiro minuto disse que não, que traria muitas confusões...mostrou a mesma posição até ao fim, insistindo que quem tinha que resolver era a junta de freguesia e que se cedesse na permissão as irmãs iriam ter problemas...
A situação resolveu-se sem a necessidade de usar o jazigo da avó e, não é que passados dias andavam as irmãs a trocar 'hostilidades' em relação à 'decoração' dos jazigos?
A minha mãe só disse: É assim como está, imagina agora que estavam a partilhar o jazigo! Tive que lhe dar razão!


Mas, pronto estou a falar dos meus anos e não de jazigos. Confesso, como toda a gente, que a ideia de envelhecer é assustadora...é o fósforo que se vai queimando até apagar. Engraçado, quando era miúda comparava a vida a um lápis! Afiava-se, afiava-se, até que desaparecia...lá está a simplicidade de uma criança!

Voltando ao envelhecer...mas também é algo que não me atormenta, nem me tira o sono!
Desde há uns tempos a esta parte, venho tentando 'educar-me' para ver sempre a parte boa das coisa...se não há boa, há pelo menos a menos má!
Uma das minhas teoria é que a minha esperança de vida é a minha Avó... ela tem 92 anos!
Outra é que estou a chegar aonde outro não sabem se chegam!
... e tenho o jantar a queimar...amanhã faço anos e vou tentar passar um bom dia ( normalmente choro sempre no dia dos meus anos...sem motivo aparente!)

Beijos

terça-feira, 1 de abril de 2008

Dia de Cão

Hoje foi um dia de cão!
Gripe, trabalho, trabalho e mais trabalho.
Para terem uma ideia, eu spo 'avessa' a medicamentos...para aguentar o dia, tomei 2 comprimidos!! 2!!!
Transpirei que me fartei, mas aguentei...também depois desta semana e da próxima vou meter uma semana de férias...mereço! Estou cansada!

São 22h54 e eu vou para a cama! É obra!