Nenhum homem é uma ILHA isolada; cada homem é uma partícula do CONTINENTE, uma parte da TERRA; se um TORRÃO é arrastado para o MAR, a EUROPA fica diminuída, como se fosse um PROMONTÓRIO, como se fosse a CASA dos teus AMIGOS ou a TUA PRÓPRIA; a MORTE de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do GÉNERO HUMANO. E por isso não perguntes por quem os SINOS dobram; eles dobram por TI - John Donne
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
Vem comigo ver o avião, ou como esta gente gosta de alimentar a desgraça...
Ontem de manhã, como tem vindo a ser habitual, fui dar um passeio de bicicleta com o L.. O percurso pouco muda e um dos destinos é o parque, como já disse,onde caiu o avião!
Quando lá chegamos, por volta das 10h, o quadro era bem diferente do habitual. Não havia grupos de famílias a preparar os grelhadores para os pic-nics com os familiares emigrados, que estão de vista. Ninguém estava a usar os aparelhos de exercícios... e ninguém circundava a pista. Ninguém corria, ninguém andava de bike... e ninguém caminhava. Habitualmente uma destas três actividadesacontece1
Mas havia muito trânsito. Muitos carros estacionados, muitas bicicletas e motas a passar, parar... e ficar.
As entradas dos terrenos em frente estavam vedadas com fitas da polícia e dois GNR junto a elas.
As pessoas passavam, faziam perguntas e, munidas de máquina fotográfica ou telemóvel, desapareciam por debaixo das fitas. Regressavam minutos mais tarde, sorridentes, com ar de 'missão cumprida'. Faziam comentários entre eles e davam dicas aos que ainda se dirigiam para o local. Os policias, esses, estavam com cara de quem estava bem era na praia, ou pelo menos a dar umas voltas de bike, ou uns toques na bola no campo em frente.
Duas velhotas das casas adjacentes ao campo, andavam numa roda viva, como se estivessem a receber visitas. Uma delas vestiu, com toda a certeza, o vestido que usou num casamento, baptizado ou algo semelhante. Tinha o cabelo arranjado de véspera e andava com ar de quem não sabia para que lado se virar, nem de quem atender primeiro.
A outra velhota, mais discreta, optou por vestir um avental lavado, e, encostada às fitas, exibia a quem quisesse ver, o jornal do dia com a foto da tragédia.
Assim estava ela quando chegou uma equipa de reportagem da RTP, a quem ela se prontificou a dar resposta a perguntas que a repórter ia fazendo.
Pois, eu não vi o avião. Não fiz questão de tal, nem tãopouco era essa a razão de eu estar ali! Bastou-me o cenário. Bastou-me ver que todos se estavam marimbando para os homens que morreram, que estavam sim a gozar o espectaculo!
'Sim, mas estás aqui com esta conversa toda e também lá estiveste a apreciar tudo isto!'
Pois estive, como é habitual estar. E vi, pois vi, porque era inevitavel ver. Porque com mais cuidado que o habitual era preciso circular... as pessoas aparecial de todo o lado e iam focadas num num único ponto: o avião!
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1 comentário:
Querida Reflexos, ele há cada um!! Ou melhor cada uma!!
Mas adorei a tua descrição. :)
Beijinhos grandes.
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