domingo, 31 de maio de 2009

Britain's got talent: Diversity, the winners

Quem fica indiferente a uma exibição destas?
Eu não.

Britain's got talent: Susane Boyle em 2º lugar

Susan Boyle, a grande surpresa do Britain's got talent. Depois de Paul Poter, nova revelação.
Ganhou pela surpresa, pela simpatia, pela simplicidade...

Emoções ao Momento

A vida em África foi dura, também. Também, porque teve coisas boas, muitas até! Fez coisas que jamais faria não fosse ser recrutado para aquela maldita guerra!

Teve a sorte de, logo à chegada, encontrar um oficial conhecida do quartel de Arca d'Água. Andava à procura de um motorista. Perfeito. O Victor tinha carta de condução. Foi requisitado para motorista da Sra D. Amélia e da filha, a menina Graça.

Teve uma vida santa, nos primeiros tempos. Levava a menina ao liceu, o que era pior parte da sua rotina. Rapariga embirrante esta, que nos primeiros dias decidiu que o só sairia do carro depois de o motorista lhe abrir a porta. O motorista achou que ela tinha mãos para abrir a porta, o que até o pai dela fazia quando era por ele transportado, e por isso decidiu que ou ela abria a porta ou não saia.

Voltou para casa. Sorte a dela ainda assim, porque a tarefa seguinte era levar a Sra D. Amélia ao cabeleireiro, senão arriscava-se a ir parar ao quartel!Perante surpresa de ver a filha chegar novamente no carro, a Sra D. Amélia perguntou o que se passava. A explicação foi igual dos dois lados: o Victor não abriu a porta. Só que Gracinha dizia que o Victor devia ter aberto. Victor dizia que só fazia ao Sr Comandante e à esposa e a esta por respeito a ser uma senhora. A Gracinha, uma garota é que não.

A razão foi dada a Victor e Gracinha teve de voltar a pé para a escola!

A Sra D. Amélia, essa tratava-o bem, muito bem. Presenteava-o com maços de tabaco, umas garrafas de cerveja e muitas vezes era convidado para jantar lá em casa.

Muitas vezes ficava com o carro do comandante. Era dia, ou antes, noite de festa. Quem o quisesse ver a ele e aos amigos era no drive in. Os porteiros faziam-lhe continência e tinha sempre direito a um lugar preveligiado.

Um dia teve de ir para o 'mato'. Tinha de ir com a companhia. Foi duro. Era época de Natal. Ia ser duro. Todos os dias tinha de ir com o jipe buscar o correio a 150 km do acampamento. Muitas vezes voltava sem ele, confessou. Tinha medo de avançar, de chegar aos sacos que eram lançados do avião.

A noite de Natal prometia ser de grande carga emocional. Para a ceia nada de especial, o costume, a não ser que… havia um cabrito que estava a ser criado para quando um graduado visitasse o acampamento. Já estava gordinho e … podia fugir! E não é que o raio do cabrito fugiu dois dias antes do Natal?

E não é que, coincidência das coincidências a ceia de Natal foi cabrito? Foi cabrito regado com vinho, muito vinho. Tanto que na tentativa de acabar com ele, foram vencidos pelo cansaço e adormeceram todos no meio do acampamento e só acordaram a meio do dia de Natal!

Foi dos piores dias de África. E dos de maior loucura… a fuga do cabrito se fosse descoberta podia valer ver o sol aos quadradinhos durante uns tempos.

A vida deles era vivida para o imediato. Muitas vezes esse imediato levava a que deixasse de haver amanhã. Um dia no quartel, na passagem das camaratas para o banheiro estava um camarada a consertar a motorizada que tinha comprado. Concerteza que seria vendida dias ou semanas mais tarde. Bastava faltar o dinheiro.

Um camarada atravessava o pátio e, em tom de brincadeira disse: 'Não percebes nada disso…'. O outro mostrou-se ofendido e : 'Ora volta lá a dizer isso!'.

Pegaram-se em palavras, até que um deles disse, ainda em tom de brincadeira, dizem eles:' Tu não te metas comigo. Olha que eu tenho uma navalha!' A navalha era um canivete, daqueles que os homens na época tinham como costume trazer junto da chaves. 'Uma lâmina de 5cm, se tanto!', disse o Victor que assistiu a tudo. O da 'navalha' abre-a e diz: 'Espeto-ta e furo-te a barriga'. O outro avança e diz:'Tu o quê?'

Foram s suas últimas palavras. Avançou mais depressa que o tempo necessário para o outro camarada tirar o canivete da direcção do coração.

Logo perdeu a consciência e se começou a esvair em sangue. Os camaradas pegaram nele, meteram-no jipe e levaram-no para o hospital. Nada pode ser feito. Chegou lá morto!

O outro camarada foi preso e os que saíram do quartel sem autorização foram julgados e com muita sorte não foram castigados.Era assim a vida em África. Emoções ao momento…

sábado, 30 de maio de 2009

Serralves em Festa hoje e amanhã ( 30 e 31 Maio)


SERRALVES EM FESTA com festa nas ruas da baixa do Porto, com teatro de rua, música, circo contemporâneo e performance.
Sábado (hoje) às 08h00 abriram-se os portões da festa em Serralves e só encerram às 24h00 de Domingo.
Alguém pode fazer o favor de inventar uma máquina que 'fotografe' os pensamentos?
Imaginem a lembrarem-se de um momento lindo e fotografá-lo!

sexta-feira, 29 de maio de 2009

História a qu4tro mãos: Lisboa 1995 (III)

Revelações surpreendentes sobre o passado de Bernardo


Marido (quase) perfeito

O marido liga para casa a meio da tarde:
- Olá, minha rainha! Como está o teu dia?
- Tudo óptimo.
- Que bom! E as crianças estão bem?
- A brincar sem parar, não te preocupes.
- Óptimo, perfeito! Elas já almoçaram? Alimentaram-se bem?
- Sim! Comeram muito bem! Já fizeram os trabalhos de casa e agora estão a brincar.
- Que bom! Conta-me, minha linda, o que vai ser o jantar hoje?
- O teu prato preferido e já meti cerveja no frigorifico...
- Uau! Bife à milanesa e cerveja! É por isso que eu te adoro tanto! Bom... está tudo tranquilo em casa, então?
- Fica tranquilo que está tudo bem.
- Ah, mais uma coisinha: Tu prometes que, hoje à noite, vais usar aquele babydoll preto para mim?
- Faço tudo para te agradar... E não vou esquecer o perfume que tu maisgostas!
- Obrigado meu amor! É por isso que te amo tanto...
- Eu sei, eu sei...
- Daqui a pouco estou contigo meu amor!
- Vou ficar ansiosa à espera...
- Agora faz-me um outro favor........chama a patroa, sim?

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Braga Romana 2009


Hoje à noite fui dar uma volta por lá. Tal como eu resmas de gente. Parecia aquelas noites perto do S. João em que as pessoas vão dar uma volta...

Havia capoeira ( tudo a ver com o tempo dos romanos), dança de ventre (também já havia na Roma antiga), grupos corais...


Aconselho a que visitem. Está maior que nos outros anos e muito boa!

Fotos amanhã.
(Já não consigo manter os olhos abertos de tão cansada)

Deliciosa

'Ó Mãe, o Luis Miguel diz que as mães são mágicas.'
'Ai sim?'
'Mas eu disse-lhe que não eram todas. Tu és engenheira, não és mágica!'

(O filho de uma amiga minha que tem quatro anos, ontem...)


terça-feira, 26 de maio de 2009

Às vezes corre mal...

Tarde na noite, já estavam deitados, quando...

MULHER: Se eu morresse tu casavas outra vez?
MARIDO: Claro que não!
MULHER: Não?! Não por quê?! Não gostas de estar casado?
MARIDO: Claro que gosto!
MULHER: Então por que é que não casavas de novo?
MARIDO: Está bem, casava...
MULHER: (com um olhar magoado) Casavas?
MARIDO: Casava. Só porque foi bom contigo...
MULHER: E dormirias com ela na nossa cama?
MARIDO: Onde é que tu querias que nós dormíssemos?
MULHER: E substituirias as minhas fotografias por fotografias dela?
MARIDO: É natural que sim...
MULHER: E ela ia usar o meu carro?
MARIDO: Não. Ela não conduz...
MULHER: !!!! (silêncio)
MARIDO: ( em pensamento ) Lixei tudo !!!

Provérbio Chinês

Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida

Como nós andamos


A massa cinzenta anda mesmo mal.
Não é que andei uma semana à procura da chave de casa!?
Não havia meio de aparecer.
Pois não, tinha-a deixado em cima do muro e as senhoras da limpeza viram a chave e levaram-na com elas!
Bem que podia procurar!

O pior é que o L. ouviu e não pára de me moer a paciência.
É que só ele pode estar cansado!
Homens!

Os Namorados


As cores, essas aprendeu-as logo depois de saber dizer 'Avó', que aprendeu antes de dizer 'Mãe' ou 'Pai'.
Aprendeu com o avô, que depois de reformado, se entretinha no anexo do quintal a reparar os móveis, a fazer prateleiras e a pintá-las. Gostava muito e de muita cor, o avô. A sua cor predilecta era o azul. Sempre que podia usava o azul, a cor dos seus olhos, em qualquer circunstância ou momento. Os da mãe, esses de azul têm o raiado assente no ora umas vezes castanho, ora outras verdes. Olhos de camaleão, diz ela.
No quintal havia um capoeiro azul, com portas vermelhas, uma casinha com dois garnizos, verde e uma gaiola, com rolas, branca, tal como elas.Era uma miscelânea de cores, aquele quintal. Até o baú em cimento, lá no fundo, feito para guardar areia era pintado de amarelo.
Na outra ponta do quintal havia um cata-vento, que tinha um galo branco com penas vermelhas. Um dia um amigo do pai arranjou ao avô placas de acrílico de muitas cores. O avô logo se apressou a desmontar o galo do cata-vento e substituir as penas do rabo do galo, uma a uma por as cores todas do acrílico.
A mãe, essa aprendeu bem nova a arte de bordar, da qual fez profissão.. Adora combinar cores. Inventar nonas combinações de materiais e de cor. Era conforme lhe pediam. Bordava de tudo, com todas as cores. Apaixonada pela cor, tal como o avô. As meadas de Mouliné amontoavam-se na caixa das linhas feita pelo avô. Cada divisão tinha uma cor e quando a mãe se enganava a colocar a meada no sítio, logo ela vinha em socorro das meadas e as colocava no lugar. 'Mãe, puseste o amarelo no sítio do castanho! ‘, observava ela com um ar escandalizado como se a mãe tivesse cometido a maior das infracções!
‘Ó filha, estava distraída, coloca no sítio, se fazes o favor.’, respondia ela com um sorriso no canto do lábio.
Aos quatro anos participou num concurso de desenho. O pai trouxe-lhe uma cartolina branca A2 e ela durante muitas tardes preencheu a dita cartolina com a sua criatividade. No canto Superior esquerdo estava o sol, amarelo, claro! O céu era azul. Para ela não havia céu de outra cor que não a da cor dos olhos do avô.Uma casa por baixo do sol. O telhado vermelho, com o recorte das telhas a preto. De uma chaminé num dos cantos do telhado, vermelha também, saía um fumo, cinzento. Pormenor, feito com o lápis. 'Papá, o fumo não é preto, é cinzento. Como faço agora?', perguntou ao pai que durante aquele processo de elaboração da obra se sentava todos os fins de tarde, junto a ela a vê-la desenhar e pintar.
Ela fazia questão de pintar só na presença do pai. Da Mãe não. Daquilo só o pai percebia!´Pinta com lápis'. 'Com o lápis das contas?!', pergunta ela.'Sim filha, vais ver que fica bem!'Pintou. 'Ficou bem, Papá!'O Papá é que sabia daquilo! Pensava, ao mesmo tempo que, sem se aperceber, o seu engenho se apurava para o improviso. Ao fim de mais de três décadas é rainha. 'Tem solução e resposta para tudo', diz que a conhece.A obra foi ficando completa com as janelas da casa, a porta, que foi pintada de vermelho e um caminho.Ao longo desse caminho tinha árvores. Árvores verdes com bolinhas, que apesar de parecerem as bolinhas do azevinho, seriam maçãs dadas a textura da árvore!No fim do caminho, bem no centro da folha e num tamanho bem grande a destoar com o tamanho da casa, bem mais pequena, estavam... os namorados! Um rapaz, de calças pretas e camisa verde, da cor da que o pai vestia no dia em que a camisa foi pintada. Não faltou o bolso. Sempre ouviu o pai queixar-se quando as camisas não tinham bolso. Dizia que era uma chatice! Ele lá sabia e sendo o pai o modelo para tudo certamente que o 'namorado' se sentiria incomodado por ter uma camisa sem bolso!Estavam de mãos dadas. As mãos dadas eram uma bola amarela, tal como as caras, os braços e as pernas. Era o mais parecido com a cor da pele. A rapariga tinha um belo par de votas até meio da perna, com os pés virados para a direita alinhados com os do rapaz, que calçava um par de sapatos castanhos, que à escala seria pelo menos um tamanho 46!As botas da namorada eram pretas e a saia cor-de-rosa. Era a cor das meninas. Todas as meninas gostam de cor-de-rosa, achava ela. A blusa era um rosa mais claro, porque não tinha lápis de cor branco e se não pintasse podiam pensar que se tinha esquecido!Os cabelos da rapariga eram pretos, como os dela, só que longos e lisos tal como ela ansiava que os seus curtos e encaracolados um dia fossem.'Só falta assinar e amanhã já posso levar', disse o pai. E assim foi. No canto inferior direito desenhou o nome e por baixo '4 anos'.
Chegou o dia dos prémios. Foi num Sábado à tarde depois da aula de ginástica, que ela tanto detestava. Mas naquele dia a aula custou menos. Estava com o pensamento no concurso e não no quanto eram seca aquelas aulas de ginástica!Quando entrou na sala, lá estava o seu desenho. Tinha-lhe dado o nome de 'Os Namorados'.Chegou a hora dos prémios. Chamaram o terceiro, segundo e não é que ela ganhou o segundo prémio! Uma coisa ela não percebeu: Porque se riram todos quando foi anunciado o tema do desenho?
Ganhou, para além de um abraço apertado da mãe e do pai, uma caixa com 50 lápis de cera e um livro: 'Tó e as cores', que ensinava a misturar cores.
Que felicidade. Agora já tinha cinzento para o fumo e branco para as camisolas. Tinha todas as cores! E também aprendeu que se misturasse vermelho com amarelo tinha laranja e se misturasse azul com amarelo tinha verde! E que preto e branco dava cinzento. Essa parte tinha de ser em casa do avô, onde havia muitas tintas e a paciência dele para a ajudar a fazer as experiências.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

História a qu4tro mãos: Lisboa 1995


Mais história aqui

Tecnologias...

Porque que é que por mais sofisticadas que sejam as máquinas, elas nos deixam 'na mão' nos piores momentos?
Não é que estava eu toda embaladinha a escrever a minha história da semana para a Fábrica, quando ele dá sinal de bateria fraca!?
Francamente!
Mesmo tendo uma bateria de 7,5 horas, o que é verdade, tinha de ser agora!
Os professores na escola davam sempre mais uns minutinhos para acabar, nem que fosse com a desculpa de ainda não ter escrito o nome... resultava sempre. ;-)

Olá Amiga...Até já Amiga!

Há um ano, enquanto decorria uma campanha de angariação de fundos para ajuda de organizações de investigação e tratamento de doentes com cancro, escrevi um post, ainda num outro blogue sobre uma amiga minha que morreu de cancro.
Como andei a transferir para este blogue os posts do outro, que era privado, deixo aqui o link do post. Está aqui
Um grande beijo, Carla

domingo, 24 de maio de 2009

A Tigela

A 'Tigela', como alguns chamam ao Pavilhão Rosa Mota, que em tempos foi Palácio de Cristal por herança de um edifício construído para albergar a feira internacional do Porto nos finais do séc XIX, já se cruzou comigo em alturas importantes para mim...




Em miúda passeava nos seus jardins, visitava o velho leão, que nunca vi noutra posição que não deitado. 'Tem as unhas encravadas e não se consegue levantar', era a resposta à pergunta sobre o porquê de estar sempre deitado. Na jaula ao lado viviam os inquietos macacos que tinham a árdua tarefa de me animar e 'limpar' a lágrima que aparecia no canto do olho sempre que olhava para o triste leão. Pelo menos comigo resultava. Talvez seja por isso que sempre gostei mais de leões que de macacos. Deixo, porém aqui a minha gratidão aos macacos por nunca terem deixado que a tristeza fosse comigo para casa.


Os pavões pavoneavam-se pelos jardins e sempre que queriam dar nas vistas, o que era frequente, abriam o seu magnifico leque. Desses distância. Penas e bicos não são comigo!

Antes de haver Exponor, as exposições, as grandes eram no palácio. Estou a lembrar-me das de campismo e caravanismo, das de automóveis e mais tarde das feiras do livros.

Lembro-me ainda de lá ter ido ao circo. Aí havia leões de pé!

Mas, porque se chama Palácio de Cristal?


'Porque antes deste pavilhão, havia aqui um edifício em ferro e vidro. Foi construído para albergar a Exposição Internacional do Porto.

Na década de sessenta para o campeonato de Hóquei em Patins, foi demolido e construído o Pavilhão dos desportos', a tigela. Desde aí tem sido usado para exposições e eventos.'

Havia um senhor em S. Mamede, o Sr Pinto, que não tinha três dedos. Foi a primeira pessoa que conheci assim. Um dia a esposa disse-me que os tinha perdido nas obras do palácio.
Foi nos jardins do Palácio que me diverti até de manhã nos arraiais da Queima. Foi lá que ouvi pela primeira vez Quim Barreiros. Não é que seja grande feito, mas pronto...

O leão entretanto morrera e os irrequietos macacos sairam de lá...

A Feira do Livro mudou para lá. Sim, porque é Feira do Livro do Porto sem chuva, não é feira do Livro do Porto!

Lá conheci autores importantes para mim... estou a lembrara-me de Agustina Bessa Luís.

E foi lá que... casei. Sim, casei na capela, que apesar de tanto por lá passar, nunca tinha visto. Uma capela pequenina, em pedra, junto ao lago. Chama-se Capela Carlos Alberto.

Casei, mudei de cidade e desde esse dia nunca mais fui ao Palácio de Cristal, que eu conheci quando já era Pavilhão dos Desportos e que agora em homenagem à Rosinha é Pavilhão Rosa Mota, mas que todos conhecem quando se fala na 'Tigela'.

Arena de Ouro

Pela primeira vez um filme português, uma curta-metragem neste caso, ganhou a palma de Ouro.

Parabéns a todos os que trabalharam para ela.
E que sirva para Portugal ver com outros olhos o cinema português...

Uma Prenda


Hoje recebi uma prenda. É pelo meu aniversário. Sim, já foi há muito o meu aniversário, mas as prendas nunca chegam atrasadas, chegam sempre na hora certa. Principalmente quando vêm de amigos e são oferecidas com muito carinho e amizade... que bem que sabem!

Colecciono chávenas de café Vista Alegre. Antigas, recentes, todas, desde que sejam VA.

Os meus amigos sabem disso e quando acham por bem, presenteiam-me com uma chávena.
O engraçado é que é por fases. Há fases em que junto quatro ou cinco chávenas num aniversário ou num Natal e depois fico sem receber chávenas uma temporada... foi o caso. Se as quero vou comprá-las!

A última chávena que recebi foi na Páscoa e foi um presente muito 'saboroso', já que foi do meu afilhado e escolhido por ele!

A de hoje é bem bonita e para os mais interessados é da colecção DOMO e a decoração é a Graffiato.

sábado, 23 de maio de 2009

Fibra Óptica (não) é Areia!


Um dia destes estávamos nós no nosso 'momento EPM' ( são as nossas pausas em que a conversa descamba e vai parar sabe-se lá onde...), quando um colega meu, 'mecânico' se vira para outro 'eléctrico' e pergunta:

-Afinal, o que é isso da fibra óptica?

A risada foi geral, pois esse nosso colega quando começa a falar não se cala. Conseguiu tirar-nos mais uma gargalhada quando laconicamente e de uma forma muito abreviada, respondeu:

-Fibra óptica? É areia.

O outro não conseguiu perguntar mais nada. A risada foi geral e a conversa foi parar ao ácido úrico que ele tem e da arei fomos aos cristais e acabamos a dizer que ele nos joelhos tinha uma boa fonte de rendimento: areias para fibra óptica!



Bem, claro que as coisas não são assim. Fibra óptica não é areia. Foi inventada por Narinder Singh Kapan, um físico indiano e Fibra óptica é um polímero... aqui

Feira de Antiguidades de Braga

É assim todos os últimos Sábados do mês: nos 'claustros do castelo' há feira de antiguidades.
E, claro que não falho... ou não fosse conhecida por 'coleccionadora de lixo'! Sim, quando a minha avó morreu há vinte anos, e eu quis ficar com algumas louças e roupas, os meus tios não deixaram e preferiram 'dar aos pobres' e deitar ao lixo. As poucas coisa com que fiquei foram umas chávenas e uns pratos que consegui apanhar porque o meu pai 'exigiu' que de um terço do 'lixo' decidia ele o destino!
Bem, foi um desabafo...

Candeeiros, bibelots



Brinquedos

Louças





Claro que também encontarmos lá muita quinquilharia, que é tudo menos antigo...


E este mês, tinha roupas, chapéus e sapatos.... peças lindas!
'Deus escreve direito por linhas tortas.'

Pois, mas com tanta curva durante tanto tempo chegamos ao destino atordoados.

Será que é por isso que:

'O melhor da festa é esperar por ela?'

Fazem-me nauseas estas curvas...

Fogo Cruzado: Moura Guedes-Marinho Pinto

No coments

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Deliciosa

-Ó mãe, a minha professora está super grávida!
-Ai sim?
-Sim, tem uma barriga muito grande. Ó mãe, como são feitos os bebés?
-Ó filho, é o pai que põe a sementinha na mãe...
-E por onde entra? Tem de haver um buraco...
-Pois, logo quando voltarmos. a mãe explica.
-E porque não explicas agora? Pela boca não deve ser, que é muito longe da barriga e nós não temos buracos na barriga.
-Então não temos? Temos o umbigo!
-Ó mãe, o umbigo não é furado!
-Pois...
-Caramba, diz lá agora. Afinal não temos assim tantos buracos!


Conversa entre o meu afilhado e a mãe sobre a proveniência dos bebés!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

História a qu4tro mão: Lisboa


E a história da Maria, do Rodrigo, do pai, da mãe, do ex continua Aqui , desta vez em Lisboa... ou não.

A partir da próxima semana os capitulos serão publicados às 00h00 de Quinta-feira

Salvem Miguel

Já conheço este vídeo há algum tempo, hoje lembrei-me dele...
... Salvem Miguel


Os dias grandes chegaram...

Feriado na Alemanha, metade do stress do costume. Não pelos colegas que lá estão, mas por aquele construtores de automóveis que, agora a trabalhar a meio gás, têm mais tempo para... nos chatear!
E amanhã vai ser igual. Fazem ponte!

Mas bom, bom, foi o fim de dia.
O L. foi cortar o cabelo. Tinha marcação para as 19h00. Deixei-o no Remy, o cabeleireiro e fui dar um passeio.


Na zona da Sé já são visíveis os preparativos para a 6ª edição da Feira Romana. Esqueletos em madeira já montados para as barracas. A feira tem crescido e melhorado todos os anos.

Junto à Brasileira um grupo de saltimbancos fazia malabarismos com fogo e facas. Tinham dois cães lindos, mas com o pelo tão mal tratado como as rasters deles!
Provavelmente a esta hora dormem nos claustros do edifício em frente da Brasileira...



Algumas pessoas ainda tomava o último café e davam dois dedos de conversa antes de ir para casa. Os vendedores ambulantes arrumavam as coisas...


Quando o L. acabou ficou pronto, veio ter comigo. Jantamos no Silvas e voltamos para casa.
20h45, 23ºC e dia.

É esta a parte que eu gosto dos dias de verão... à noite quando ainda é dia.
Um amigo meu recebe um telefonema de um número desconhecido. Mal atende, do outro lado ouve uma voz irritada: ' O senhor vem buscar o seu pai ou não? Já cá está há dois dias! isto não é nenhuma morgue!'

O meu amigo interrompe o homem e diz: 'Deve estar a brincar. De onde fala mesmo?'
'É da funerária, já não lhe disse!? Continua a brincar... há dois dias nisto!'
'Desculpe, mas o senhor com quem quer falar?'
'Quero falar com o Sr. Araújo!'
'Pois, mas que Araújo?', perguntou o meu amigo já sem paciência...
'Com o Sr. António Araújo!'
'Pois, mas eu não sou António. E o meu pai está de saúde. Ainda ontem falei com ele!'

O homem do outro lado apercebeu-se do que tinha feito e fartou-se de pedir desculpas ao meu amigo.
O meu amigo aproveitou para lhe recomendar que no telefonema seguinte fosse mais cauteloso, pois com este tipo de abordagem poderia ter outro funeral para fazer...

Esta história é VERDADEIRA!'

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Estou num estado tal de sonolência que até troco os olhos... será da anestesia?
Alguém tem por aí uns palitos para me segurarem as pálpebras?

Dia de Dentista



Sina minha... ser visita assídua do dentista... oh sorte!

Hoje lá foi mais um dia...

Houvesse cartão 'Cliente frequente' e eu já teria o gold!





Alegria no Trabalho...

terça-feira, 19 de maio de 2009

Eu Recomendo: International Polar Year Stamps


Para os amantes da filatelia, dos glaciares e da natureza, acaba de 'nascer' um blogue que promete...


É o International Polar Year Stamps e nele serão publicados todo o material filatélico subordinado ao tema: selos, FDCs, Blocos, etiquetas, cartas circuladas... tudo que o Postman conseguiu e continua a recolher, sobre o tema.


Cada peça filatélica é acompanhada de uma explicação sobre o tema do selo (*) e sobre o historial da peça em si.


(*) Apesar de o tema dos selos ser o Ano Polar internacional, cada um dos países emissores dos selos, atribuiu-lhes um subtema: o urso polar, as aves migratórias, etc.


O blogue está em português e inglês. Vá lá de que estão à espera para espreitar?

Coisas de gaja mesmo!

O que faz uma mulher quando de repente todos começam a olhar para ela, porque de repente o silicone das meias perdeu a aderência e a meia começa a cair perna abaixo que nem uma avalanche?

Para a história ficar completa vê o director dirigir-se a ela com ideias de a cumprimentar e ela a não querer tirar a mão do bolso… estava a tentar impedir a 'avalanche' de avançar!

Digam qualquer coisinha... ou nunca vos aconteceu!?

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Pai Herói

Desde sempre foi rebelde. Foi daqueles miúdos que, tal como dizia a minha Avó, 'tem tanto de arisca como de meigo'.
Ele mandava os filhos dos patrões dos pais abaixo dos muros para lhes apanhar as sandes de marmelada. A alternativa ao pão sem nada ou com manteiga nos dias de festa, compensavam a sova que levaria por deitar abaixo do muro o Luizinho, filho do Sr Bacelar.

'Meninos, a pereira junto ao tanque tem três pêras madura. Ai de quem lá vá buscá-las!' Pois o Sr Silvano conhecia bem o filho que tinha e quando, depois de jantar, o Victor e os irmãos chegaram ao sitio da pereira, já ele lá estava com a mão na fivela do cinto.
'Nós só viemos dar uma volta.', disse o Victor antes que o pai dissesse alguma coisa.
'Sr Victor, se eu não o conhecesse… tudo para casa antes que eu me zangue.' Bom, quando estas histórias eram contadas em família, o avô Silvano admitiu que foi uma provocação… afinal ele foi quem informou os miúdos que as pêras estavam maduras!

Um dia o Victor foi estudar para a escola Comercial. O Sr Bacelar prometeu ao Sr Silvano um emprego para o rapaz no banco, mas ele tinha de 'fazer' o 7º ano do liceu na escola comercial. Com sacrifícios o rapaz foi posto a estudar. Contrariado um belo dia decide que não vai mais para aquela escola. 'Pai, não quero ir mais para a escola comercial. Quero ir para o Infante, estudar mecânica.' Ao mesmo tempo que lhe dava uma bofetada, o pai disse-lhe: 'Se queres ir para outra escola vai por tua conta!' 'E vou. E também já arranjei um emprego. Vou estudar de noite', respondeu Victor, tentando equilibrar-se de modo a não tombar sobre o poço, que felizmente estava tapado. O Sr Silvano esse não quis saber. Afastou-se a resmungar:' E agora que desculpa vou dar ao Sr Bacelar!?'
Ele foi trabalhar para uma grande indústria do norte. Ele e mais alguns colegas foram 'apadrinhados' pelo directo, o Engenheiro Guilherme. Quando chovia levava-os à escola no seu Mercedes. Aos que tinham boas notas oferecia uma nota de 100$00. Mas também, tal como acontecia com os outros, lhes eram fechadas as portas das salas onde estavam os cartões de ponto sempre que se atrasassem, um minuto que fosse. Significava uma manha perdida, sem ganhar, sentados numa sala à espera d hora do almoço.Com os 100$00 faziam uma festa. A primeira paragem era, antes de seguirem para a escola, na tasca da esquina do cruzamento de S. Mamede para comer uma isca e beber um copo de vinho. Eram momentos bem passados aqueles.

O Victor não perdeu nunca a sua rebeldia, pelo contrário refinou-a e usou-a para defender as suas convicções. Descobriu os esconderijos do Avante e começou a lê-lo às escondidas de quem o já lia às escondidas. Um dia foi apanhado. 'Rapaz, ainda és muito novo para ler essas coisas', disse-lhe o Sr Silva, o encarregado, comunista assumido. 'Muito novo? Já tenho dessasete anos. Eu tenho de continuar o que vocês começaram....' Convenceu-os. Passou a fazer parte do circuito 'legal' de leitura, passou a ser informador das greves e passou a fazê-las. Tinha encontros no areal de Matosinhos com o 'homem da gabardina' a observá-lo a ele e aos colegas. Era vigiado na escola e um dia, tinha acabado de completar dezoito anos, foi 'chamado à PIDE', na rua do Heroísmo. Teve medo. Disse ao Sr Silva, que a sorri disse: 'Olha que vais estar lá o tempo todo sem te deixarem ir à casa de banho nem sentar. Passas no urinol do jardim', 'clientes frequentes' daquele edifício. Assim fez. Passou no urinol antes de entrar. Tremia que nem varas verdes. E assim foi também, a parte de não se poder sentar nem ir ao WC. Foi um dia inteiro, com os agentes a entrarem e a sair, a fazerem-lhe perguntas cada um à sua maneira, de assuntos diferentes.Quando chegou a casa era noite. O Pai perguntou-lhe por onde andara. Não respondeu. Levou uma tareia, a física mesmo, a psicológica, essa apanhou-a durante o dia… o pior da vida dele até aquele momento.

Eleições. Humberto Delgado candidata-se. Victor e os amigos apoiam-no incondicionalmente.
Há dias, tirada da net, mostro-lhe uma foto da chegada de Humberto delgado à estação de São Bento. 'Estás a ver aquele, ali naquele poste, junto ao Banco Ultramarino? Sou eu!', diz todo orgulhoso. Aquele dia valeu-lhe mais uma 'visita' à PIDE. E aquele homem foi o seu herói de sempre e para sempre. Ainda hoje fala dele com admiração. Não quis acreditar na morte dele. E nunca acreditou em acidentes.

Quando Ivo Delgado, o neto escreveu livro sobre Humberto Delgado, comprou-o logo no primeiro dia e quando Ivo Delgado veio ao Norte, à casa das Artes em Vila Nova de Famalicão apresentar o livro, ele foi. Ele foi e levou recortes de jornal com notícias da campanha eleitoral e panfletos da campanha eleitoral que ele guarda religiosamente. O neto não os conhecia. Quis falar com ele com mais tempo. No fim agradeceu-lhe por tudo e por nada. Apesar de tanto trabalho de investigação conclui que ainda muito desconhece sobre o avô.

Chega a idade da tropa. Vai. Primeiro para Santa Margarida, depois para Arca d'Água. Passa lá 20 meses.
Quando regressa à vida civil, ingressa no instituto superior técnico em engenharia mecânica, o que ele sempre quis.
Durante a tropa o colega Pinheiro cometeu uma asneira, saiu com um carro sem autorização e teve um acidente. É preso, julgado. Sentença: uma dezena de anos de cadeia ou mais serviço militar, desta vez em África, onde entretanto tinha rebentado a guerra. Escolhe a segunda opção.
Por arrasto é chamada toda a companhia. Tem de abandonar novamente o emprego e os estudos. Um sonho adiado...

Embarcam no Vera Cruz para a longa viagem. Houve tempo para tudo. Para se conhecerem, para pensarem na vida e para o Victor elevar ao máximo a sua rebeldia nata e uma bela noite começar a colar papéis por todo o barco a promover o desvio do barco para o Brasil. Valeu, ou não a reacção dos amigos Pinho e Matos, que ao aperceberem-se do seu acto trataram de recolher os papéis. Fecharam-no no camarote durante uns dias até ele prometer que não repetia tal atitude.
Chegaram a África. O destino -lo encontrar-se com um Major conhecido da tropa em Arca d'Água que procurava um motorista para a esposa e a filha. Ele sabia que Victor tinha tirado a carta de condução no quartel de Arca d'água. Convidou-o. Ele aceitou.

Em África viveu como se não houvesse amanhã. O que recebia hoje, gastava hoje. Amanhã vendia o que tinha comprado ontem se precisasse de dinheiro.

Começou a trocar correspondência com Odeta, a vizinha, amiga. Só amiga, até então. Teve também uma madrinha de guerra. Odeta enviava-lhe roupa, doces e cigarros. Isabel livros. 'O Fio da Navalha', 'Por quem os Sinos Dobram', 'O Velho e o Mar', foram ao encontro dele e voltaram com ele.

Viu colegas morrerem, nenhum em combate. Um pura estupidez.

Teve também de conduzir colunas militares ao serviço do Major Spínola. Foi marcante, o encontro com ele. Entre outras coisas levava colchões para um acampamento militar. Voltou para Luanda... com os colchões. Spínola descobriu que os colchões para os militares eram diferentes dos dos oficiais. Rejeitou e devolveu-os.

Fez muitas coisa em África. Divertiu-se, sofreu de saudades, pela morte dos camaradas e pela incerteza do dia seguinte... dois longos anos.

Quando voltou, voltou mais rebelde do que antes. Odeta esperava-o. O Chefe Reis, futuro sogro também. Estava fardado e esperava-o com o carro do comando. Estava eufórico. A euforia fazia-o dizer o que não devia. Estava a ser vigiado pelos homens da gabardina. Saiu do comboio em Campanhã a desenrolar um rolo de papel higiénico, enquanto insultava Salazar.

Não voltou À universidade. Só ao emprego. Casou com a Odeta. Isabel ficou só amiga, que entretanto se afastou. A amizade não lhe era suficiente. Preferiu não ter nada...

Por estas e muitas outras coisas aqui não contadas, ainda, este é será SEMPRE o meu herói... É o meu Pai.

Ficção para a Fábrica de Histórias

domingo, 17 de maio de 2009

Noite Feliz

27 de Outubro de 1985. 'Logo hoje!', suspirou Leonel. Tanto Delfina lhe tinha recomendado que não se atrasasse, o chefe tinha de ter pedido aquele trabalho à última da hora! Era um dia especial aquele. Leonel e Delfina faziam 12 anos de casados. Leonel, homem na casa dos trinta anos, era um homem alto, cabeleira farta e pele escura. Era casado com Delfina, que tinha sido sua madrinha de guerra dos tempos do ultramar. Como era hábito neste dia, Delfina esperava-o, com um jantar melhorado, um bolo e uma garrafa de espumante. Provavelmente tinha assado cabrito. Ela sabia que ele gostava e nas datas especais cometia uma extravagância e lá encomendava ela um quarto de um cabrito no talho do Sr Augusto. O autocarro já estava na paragem. Poucas já eram as pessoas fora do autocarro, tinha de correr. Começou a correr. Um buraco no passeio. Um pé em falso e Leonel caiu dentro do buraco! Caiu de frente, bateu com a barriga no fundo do buraco. Tinha dores, muitas dores. A custo virou-se de modo a ficar virado de barriga para cima. Assim via as pessoas passarem e poderia pedir ajuda. Foi o que fez. Começou a pedir socorro. 'Por favor, ajude-me'. Algumas pessoas nem paravam, outras abrandavam, olhavam para dentro do buraco, olhavam para Leonel, viam a sua farta cabeleira e a sua pele escura e continuavam caminho. Esteve assim durante um bom quarto de hora. Cada vez passavam menos pessoas e Leonel começava a perder as forças. As dores eram cada vez maiores e ele começou a entrar em desespero. A sua vida começou a passar à sua frente, a escola, a ida para África, o casamento, o emprego, os pais, os colegas, os amigo e Delfina. Será que não a veria mais? O amor da sua vida. Delfina esperava-o. Devia estar já em cuidados. Conseguia imaginar. A mesa posta a rigor, o espumante no gelo, e o cabrito no forno. Delfina já deveria ter ido à porta uma centena de vezes. qualquer ruído a teria trazido à porto. 'Delfina, meu amor, será que não te verei mais?', sussurrou. 'Ó Mãe, está aqui um homem!', ouviu a voz de uma criança. 'Diz filho', ouviu também a voz de uma mulher. Com toda as suas forças, gritou: 'Ajude-me por favor. Não lhe vou fazer mal!' Naquele momento já quase não passavam pessoas na rua. A mulher agarrou o braço da criança e puxou-a para trás, enquanto se curvava para ver 'o homem'. 'Ó minha senhora, pelo amor de Deus, ajude-me. Eu caí, estou cheio de dores. Não lhe vou fazer mal! Ajude-me, por favor' A mulher, assustada, olhou em redor à procura de ajuda. Correu para um café perto do local e pediu para ligar para o 115. Um homem tinha caído no buraco das obras e não conseguia sair. O homem do café ligou para o 115, que vieram ao fim de alguns minutos. Tiraram Leonel do buraco e levaram-no para o hospital. Leonel tinha partido uma perna e perfurado o baço. Foi operado e ficou no hospital em recuperação duas semanas. Foram dias muito dolorosas, que, apesar de tudo terminaram em bem. 'Mais uma hora e as coisa seriam diferente', disse o médico que o assistiu. A mulher que o ajudou foi' um anjo enviado por Deus' disse Delfina. Desde aquele dia nunca deixou de o visitar ou telefonar para Delfina a saber do estado de saúde de Leonel. Era uma rapariga nova, ainda, a mulher que o salvou. Tinha ficado viúva aos 22 anos com um filho de 2 anos nos braços, a criança que descobriu Leonel. O marido trabalhava nas obras e caiu abaixo de um andaime mal montado. Desde aí, a vida daquela mulher tinha sido de luta. Não tinha mais nenhuma família. A sua única ajuda era uma vizinha velhota, a quem o miúdo se habituara a chamar de avó. Tem sido a sua salvação nos momentos maus. Quando o menino fica doente, toma conta dele, para que ela não falte ao emprego. Quando o dinheiro não chega para o mês, é ela quem empresta. Naquele dia Lucinda, era este o nome da mulher, tinha levado o filho com ela para o trabalho porque a 'avó' tinha ido ao médico. 'Isto foi obra do destino', disse Delfina quando ouviu Lucinda falar de todas estas coincidências. As duas famílias ficaram amigas. Visitavam-se com frequência e havia mesmo fins-de-semana em que faziam programas juntos. É noite de Natal. Leonel está completamente recuperado do acidente. 'Terá só de ter alguns cuidados e ser vigiado. Apesar de não ser um orgão vital, o baço se lá estava, alguma tarefa tinha.', disse-lhe o médico quando lhe deu alta. Pela primeira vez, desde a morte dos pais de Delfina, que a mesa tem mais de dois lugares. Tem seis. Tocam à campaínha. Leonel vai abrir. É Lucinda, o filho e a 'Avó'.



Da minha autoria para a Fábrica de Histórias

As 15 melhores... ou talvez não

As 15 séries e programas de televisão de que mais gostei/gosto?



Verão Azul
Reviver o Passado em Brideshead
Gato
Os Simpson
Hitchcock Apresenta
O Polvo
Twin Peaks
Espaço 1999
Pipi da Meias Altas
Colombo
O Tal Canal
O Passeio dos Alegres
Heidi
Conta-me como foi
Crime, disse ela


Vá lá, façam também...

sábado, 16 de maio de 2009

Marisa Ferreira
TWO WAYS OF THINKING,GALLERI F12 - STAVANGER, NORWAY




Decorreu entre 26 de Março e 29 de Abril em Stavanger na Noruega, a exposição da Marisa Ferreira.

Estão agora disponíveis na página dela fotos da exposição.

Quem estiver interessado em comprar alguma das suas obras, podem fazê-lo através do site.

Rhombus II, silkscreen 50x50cm, 2009

sexta-feira, 15 de maio de 2009

O Magalhães e a Miopia... cerebral




Corre por aí a notícia de que o Magalhães, o computador, provoca miopia. Quem o diz é um senhor que pertence à sociedade portuguesa de oftalmologia.
Sim, até pode ser, se bem que eu não acredito, que o Magalhães provoque miopia. Do senhor não tenho de duvidar ou não.
O Magalhães é pequeno? É.
Os miúdos supostamente, estão muito tempo em frente a ele? Sim.

E agora pergunto:
Já viram o tamanho do visor de uma PSP ( play station portátil)?
Já viram o tamanho e qualidade de um game boy?
Já viram o tamanho de um visor de um telemovel?
Pois, todos estes são 'brinquedos' mais antigos que o Magalhães e nunca se ouviu falar em surtos de miopia!
A diferença entre o Magalhães e os outros é que o Magalhães é um auxiliar de estudo. O Magalhães é acessível a todos ( conheço quem o tenha adquirido por 50 euros). E, essa parte não posso confirmar, o Magalhães não vem acompanhado daquele papel com as advertências sobre o seu uso!

Começo a achar ou que a miopia será doença de pobres ( o meu marido é míope e no tempo dele não havia Magalhães) ou todos se juntaram para chatear o Sr. Sócrates.

Ai, ai, há é por aí muita miopia mas é cerebral!
Pessoas com horizontes limitados!


História a qu4tro mão: Paris

Se de repente um simples desconhecido escrever um livro e o publicar, isso é... natural!

E isto graças a este mundo virtual da blogosfera dentro do mundo dos 3W.

Aqui todos têm os mesmos direitos. Cada um escreve o que quer, quando quer. E só lê quem quer, quando quer.

E não há dependências, só da vontade, de ler e de escrever...

E como nós temos vontade de escrever, resolvemos os dois embarcar nesta aventura que se chama História a Qu4tro Mãos.

Todos os que nos visitam são bem vindos. Se gostou, agradecemos a visita e seja bem-vindo. Volte, esperamos aqui por si com mais história. Se não gostou, obrigado pela visita e...paciência.

Para já está a dar muito gozo... e enquanto isso acontecer, não paramos.



Mais história aqui

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Paris: Shakespeare and Company


Esta foto foi tirada em Maio 2007 durante uma viagem de trabalho a Paris. Valeu-nos uma das reuniões cancelada e a tarde foi aproveitada para conhecer Paris.
Esta livraria fica perto da Notre-Dame.
-Quantas estações do ano temos em Portugal?
-Quatro.
-E quais são?
-Primavera, Verão, Outono e Inverno.

ERRADO!
Isso era no tempo em que eu era criança em que
nos
meus anos ( Abril) andava de sandálias,
o Julho e Agosto passava-os na praia sem nunca vestir umas calças,
quando ia para a escola em Outubro vestia as primeiras calças compridas,
comia castanhas de lunas em Novembro
e no Natal estávamos a aquecermo-nos na lareira!

E agora?
Agora é um dia de sol e calor,
um dia de chuva e frio...
Agosto com chuva,
Novembro na praia...

Até o clima perdeu o norte!

Cabo Verde

O meu amigo MK, esteve em Cabo Verde e presenteou-me com esta maravilhosa foto, que vos deixo com votos de um bom dia.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

... e ´sobrou' a foto

... e pronto, sobras, sobras, só a foto.



Agora que comemos, gostamos e estamos bem (não é que tenha passado muito tempo), a receita:
1 placa de massa folhada ( há no continente)
grelos ( também deve ficar bom com espinafres)
1 ovo
1 gema
1 ou 2 alheiras (depende do nº de pessos)

Desenrolar a massa folhada, forrá-la com os grelos em esparregado e colocar em cima a(s) alheira(s) sem pele. No meio da alheira abrir o ovo.

Fechar, tipo embrulho , barrar com a gema e colocar em forno pré-aquecido a 250ºC.

Quando estiver como a foto tirar e servir.

É bom, mas atenção que é uma 'bomba calórica' para comer de vez em quando.

Jantar de hoje

Não sei se o meu jantar de hoje se vai resumir a uma sopinha daquelas que a minha Mãe me faz e eu congelo... ou a um manjar dos deuses.
Isto porque resolvi inventar e não sei no que vai dar.

Já está feito... estou à espera que as batatas noisette assem e que os legumes cozam.

Bom uma foto e...



... já volto, enquanto ficam a pensar no que será isto.



terça-feira, 12 de maio de 2009

As primeiras Cerejas

As primeiras cerejas da cerejeira cá de casa.

Este ano adiantei-me aos pássaros e as primeiras forma mesmo para nós.

Pensar Alto: Que mal!

Há uns dias aderi ao Twitter. Não é que ache grande piada aquilo, talvez porque não vejo muita utilidade, mas acabo por lá ir espreitar todos os dias.

No Sábado passado descobri que um politico, do norte, ex presidente de uma câmara do norte, também aderiu ao Twitter e está a usá-lo como ferramenta de campanha.
Normal, nada que outros não façam. (Se bem que saber se ele acorda às 7 da manhã e vai para o ginásio ou se se deita às 4 da manhã porque foi para a disco não seja nenhuma mais valia!)
Agora o que me deixa danada é que cada linha que ele escreve, tem um erro ortográfico! Não, não são aqueles erros de 'dislexia com o teclado', como diz o L. São mesmo ERROS ORTOGRÁFICOS!

Eu conheço o senhor desde miúda, foi colega do meu Pai e sei bem qual foi o percurso pessoal e profissional dele. Sei que não devia esperar mais, mas pensei que ao fim destes anos todos já tivesse evoluido noutras áreas para além da politica!
Pois eu sei, o tempo não dá para tudo. Acontece a muitos... e filhos de muito boa gente!


Que mal! Nem sei porque me surpreendo!

Chegar atrasado dá nisto!

Um velho padre foi a um jantar de despedida pelos seus 25 anos de trabalho ininterrupto à frente da Paróquia.

Um importante político da região e membro da comunidade, convidado para entregar o presente e proferir um pequeno discurso, atrasou-se.

O sacerdote decidiu proferir umas palavras e disse:

«A primeira impressão que tive da paróquia decorreu da primeira confissão que ouvi :
A primeira pessoa que se confessou disse-me que tinha roubado um aparelho de TV, tinha roubado dinheiro aos seus pais, tinha roubado a firma onde trabalhava e tivera aventuras amorosas com a esposa do patrão.
Dedicara-se ainda ao tráfico de drogas e até tinha transmitido uma doença à própria irmã.

Fiquei assustadíssimo... Pensei que o bispo me tinha enviado para um lugar terrível.
Mas fui confessando mais gente, que em nada se parecia com aquele homem...
Constatei a realidade de uma Paróquia cheia de gente responsável,com valores, comprometida
com a sua fé.
Vivi aqui os 25 anos mais maravilhosos do meu Sacerdócio.»

Neste momento, chegou o político.

O padre passou-lhe então a palavra.
O político, depois de pedir desculpas pelo atraso, disse:

«Nunca vou esquecer o dia em que o sr. padre chegou à nossa Paróquia.
Como poderia? Tive a honra de ser o primeiro a confessar-me!»

Moral da história: NUNCA SE DEVE CHEGAR ATRASADO

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Até o Tempo está indeciso

Nem o tempo se decide.
No Sábado calor, com um sol radioso com os termómetros a debitarem quase 30ºC .
Hoje, dois dias depois um tempo terrível, com 17ºC, chuva, vento e até uns instantes de granizo.




Nem o tempo se decide!


Auto danado

Antigamente, por volta da década de cinquenta, talvez, não havia cantinas nas fábricas. Havia sim o costume de à hora do almoço os filhos ou as mulheres dos operários irem levar-lhes a marmita à porta da fábrica. Quando não havia crianças para as levar e as mulheres não podiam, ou porque também trabalhavam ou porque não podiam sair de casa, havia um grupo de mulheres que a troco de alguns tostões recolhiam as marmitas em casa dos operários e entregavam-nas à porta das respectivas fábricas.

Um dia, uma dessas mulheres foi atropelada. Subia ela a rua do Freixo com um tabuleiro cheio de marmitas, num equilíbrio conseguido só com muito anos e quilómetros, e foi atropelada.

O filho do patrão de uma das fábrica, daquelas onde ela ia entregar os almoços, descia a rua a uma velocidade tal que na curva da Hidráulica do Norte não segurou o carro e galgou o passeio. A pobre da mulher ia a passar naquele preciso instante e foi colhida.

Chamaram os bombeiros, a ambulância e a polícia. Da polícia quem foi tomar conta da ocorrência foi o chefe Reis, que no auto escreveu:

‘Aos 15 de Julho do ano de 1953 pelas 13h 42m, o Senhor António Lopes circulava no sentido descendente da rua do Freixo e junto à curva da Hidráulica do Norte ao perder o controlo sobre a viatura que conduzia, despistou-se colhendo no passeio a senhora Maria do Anjos Costa. A senhora foi transportada para o hospital de Santo António em estado grave.’

O rapaz era filho de um conceituado empresário da zona. A mulher era uma de muitas que levavam as marmitas aos operários.

Com aquele auto, o rapaz estava agora em maus lençóis. O seguro teria de suportar os custos da hospitalização da mulher, que entretanto ficara internada, e o rapaz seria julgado por condução perigosa.

A mulher ainda esteve algum tempo no hospital. O dinheiro que ela ganhava fazia falta para o sustento da família que agora era garantido com o salário do marido, operário no ‘Miche’, nome por que era conhecida a Fábrica do Esmalte Michelin.

Um dia, ainda a mulher estava no hospital sem data prevista para ter alta, o chefe Reis foi chamado ao comando. Foi recebido pelo comissário que lhe apresentou o auto do acidente e disse-lhe: ‘É preciso inverter a ordem das coisas a este auto’. O chefe Reis respondeu: ‘Concerteza.’

Novo auto foi feito:
Aos 15 de Julho do ano de 1953 pelas 13h 42m, a Senhora Maria do Anjos Costa, quando subia a rua do Freixo, junto à Hidráulica do Norte foi colhida no passeio pela viatura do Senhor António Lopes que descia a mesma artéria.

A senhora foi transportada para o hospital de Santo António em estado grave.’

Este episódio foi mal visto e custou ao chefe Reis uma promoção que estava para acontecer.
‘Fiquei sem a promoção, mas com a consciência tranquila.’
‘Avô, a senhora morreu?’
‘Não, mas ficou muito mal e nunca mais pode carregar os tabuleiro’
‘E o rapaz?’
‘Não lhe aconteceu nada. Alguém fez um terceiro auto e alguém foi a tribunal testemunhar o acidente.’
‘E tu, Avô? Porque não foste?’
‘Porque eu não vi que a mulher circulava fora do passeio…’

domingo, 10 de maio de 2009

História a qu4tro mãos: Londres (II)


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Laura

Sentada no sofá aguardava que o telefone tocasse.

Marisa era a prova de que a felicidade não era plena, ou antes, que a felicidade eram momentos...

Tinha uma carreira de sucesso, um marido maravilhoso que amava e com quem se casara dez anos antes.

Há dez anos atrás enquanto dizia o 'sim' a Tomás no altar, nada a fazia pensar no calvário que iria ser a sua vida.

Marisa e Tomás conheciam-se desde o liceu, onde começaram a namorar. Do liceu seguiram para a universidade, onde frequentaram o mesmo curso. A separação, dolorosa, mas que serviu para confirmar o grande amor que os unia, foi quando Marisa foi para os estados Unidos estagiar numa multinacional ao abrigo de uma bolsa de estudo de uma instituição bancária.

Quando voltou, decidiram casar. E assim foi, compraram uma lida casa, com quatro quartos, já a contar com os quatro filhos que sempre falaram em ter...

Queriam o primeiro logo no primeiro ano de casados. Se queriam quatro filhos, a idade já não lhes dava muito espaço de manobra... Marisa já seria mãe com 33 anos.

Os dias. os meses foram passando e a angustia foi-se apoderando de Marisa. A gravidez não chegava. Ao fim de meio ano resolveu consultar o ginecologista, que tentou sossega-la dizendo-lhe que um ano a tentar engravidar não era motivo para alarme. Que tivesse calma, pois a ansiedade poderia ser um obstáculo à gravidez.

Quando fizeram um ano de casados decidiram ir passar uns dias fora. Estariam só os dois, longe do stress do dia-a-dia... podia ser que conseguissem.

Ilusão, mais uma. O período veio naquele mês, até mais cedo que o habitual, como que a evitar mais falsas ilusões.

Mais uma consulta ao ginecologista, que desta vez encarou o caso de outra forma. Agora também ele estava preocupado. Era preciso tomar providencias: Marisa e Tomás teriam de fazer exames para descobrir a causa infertilidade.

Foram meses de análise, ecografias, consultas e mais consultas. E nada, não havia maneira de encontrar a causa. 'Sem saber a causa, não posso começar a actuar', dizia o ginecologista. A seguir a isto lá vinha mais uma bateria de exames. Marisa sentia-se uma cobaia. E como se não fosse suficiente toda esta provação, ainda tinham as perguntas constantes dos familiares, amigos e conhecidos, que da típica pergunta 'E bebés, para quando?', rapidamente passaram a um tipo de pergunta bem mais penosa:?Então e os tratamentos como vão?'

Foram três anos muito dolorosos. Marisa e Tomás estavam exaustos. Depois de exames e mais exames, sem que qualquer causa fosse encontrada, partiram para os tratamentos de fertilidade. A conselho do médico que os acompanhava, partiram logo para o privado. A idade de Marisa e já não lhes dava muita margem de tempo e uma vez que tinham capacidade financeira, seria a melhor decisão, disse o médico, conhecedor da realidade do serviço publico nessa área.

Assim foi. Apesar da carta de recomendação e de um relatório minucioso feito pelo médico assistente, tiveram de começar tudo de novo: análises, ecografias e muito mais, muito mais doloroso.


A causa da infertilidade continuava desconhecida. O tempo já não era muito. Depois de novos exames, começaram os tratamentos de estimulação. Dolorosos, morosos e dispendiosos. Mas se resultassem, tudo valeria a pena.

O primeiro tratamento, o primeiro insucesso.

Começar de novo. Segundo tratamento. Insucesso. A relação do casal começou a ressentir-se. Marisa andava irritadiça, sensível. Tomás refugiara-se no trabalho. Fora a forma que ele arranjara de poupar a relação e esconder-se do problema.

Ao fim do terceiro tratamento Marisa engravidou. Foi grande a euforia. Apesar do 'positivo' teriam de 'ter cuidado e não festejar antes do tempo', tinham sido as palavras do médico. A euforia não os deixou escutar os conselhos do médico e o desgosto foi ainda maior. Ao fim de alguns dias Marisa foi parar ao hospital com uma grande hemorragia e perdeu o bebé.

Decidiram descansar por alguns tempos, chegando mesmo a ponderar partir para a adopção. Concluíram que que mesmo que tentassem a adopção, uma coisa não era a solução para a outra e então só ao fim de sete meses voltaram às consultas na cliníca de fertilidade.

Entretanto inscreveram-se para um processo de adopção. Não foram muito exigentes, queriam um filho e qualquer criança que viesse seria o filho deles, mesmo que mais tarde viesse o filho biológico.
Um dia de Julho, estava Marisa a fazer as malas para uma saída de fim de semana, quando recebe um telefonema da assistente da segurança social a informar que numa instituição no Algarve havia uma menina de três anos que correspondia aos desejos de Marisa e Tomás.
O rumo do fim-de-semana mudou. Foram de rota batida para o Alentejo onde os esperava a 'sua filha'.

Uma menina, franzina, com uns grandes olhos verdes e uns longos caracóis negros os esperavam. Apesar dos seus três anos nada dizia. A princípio Marisa e Tomás pensaram que era timidez, mas depressa foram informados pela directora da instituição que a menina não falava.

Logo naquele dia levaram a menina com eles. Chamava-se Laura e Laura ficou.
Foi um processo de aprendizagem em alta velocidade.

Novo tratamento estava marcado e não foi desmarcado. Marisa fez novo tratamento, desta vez usando uma técnica nova. A menina estava a adaptar-se muito bem. Estava a ser acompanhada por uma terapeuta da fala e tinha sido matriculada num colégio perto de casa.



A alegria parecia ter voltado aquela casa. Laura brincava. De vez em quando parava para beijar Marisa que, sentada no sofá com o telefone no colo a observava. Sempre que Laura a beijava, sentia uma emoção muito grande e cada vez um desejo maior de dar um irmãozinho a Laura.


Toca o telefone. Era da cliníca a avisar que os exames estão prontos. 'A partir de hoje pode passar por cá para levantar o relatório com o resultado', disse voz do outro lado.


A emoção foi grande, mas diferente... um filho já tinha...



Ficção para a Fábrica de Histórias

Olhares: À espera de cor


... e do Bono


Publicada no Olhares hoje

sábado, 9 de maio de 2009

Estou de volta

Espero que se lembrem de mim. Eu tenho cá vindo mandar umas mensagens ao meu tio Alberto.
Hoje a minha dona deixou-me ir para o jardim e eu andei a comer relva. A Tigra também foi.
O meu dono não queria deixar, mas a minha dona insistiu. Pois e eu que sou um malandreco, mal cheguei lá acima dei logo razão ao meu dono... fui ter aos canteiros dos morangos e comi logo dois... dos quatro que estavam maduros! O meu dono pensa que eu comi só um... Fui o primeiro a comer morangos de cá de casa este ano. Às cerejas é que não chego... é pena porque eu também gosto muito!
Bem, tio Alberto, aqui vão algumas fotos minhas, aliás nossas:

Cá estou eu, Ao fundo está a Tigra a cheirar as as azáleas... é que eu tinha feito xixi contra elas. Um cão tem que marcar território! A minha dona é que não gosta nada. O meu dono, esse nem viu senão nem ficava aqui para a fotografia, ia logo de rota batida para baixo!




A Tigra a comer relva. Ela também ficou muito satisfeita... Não parece, mas é mais dificil tirar fotos a ela que a mim... eu sou um grande vaidoso... pudera sou lindo!



Foram estes que eu comi... eram uma delicia (hi hi)





E as cerejas. Se a minha dona não tem cuidado, quem as come são os pássaros! Comer por comer, comia eu...

Ela pôs espanta pardais de terceira geração, mas não acredito que resulte...

Somos uns 'bichos do mato'!

Hoje um conjunto de coincidências deixou-me a pensar.
estava eu a ver uma montra quando uma senhora na casa dos 50 anos se encosta a mim e começa a falar.
Claro, não ouvi o que ela disse, pois todos os meus sentidos se concentraram em arranjar forma de eu me 'desligar' da senhora.
Sem sair do sitio deixei de sentir o braço da senhora encostado ao meu e comecei a ouvir o que ela dizia. Só dizia que a chávena para a qual eu supostamente estava a olhar era muito bonita e que a ia comprara porque ficava muito bem no carrinho de chá que tinha na sala.
Sorri para a senhora e respondi-lhe. 'São muito bonitas, são...'. A senhora sorriu-me e disse 'Pois acho que vou comprar'.
Afastei-me depois de um 'bom-dia' e vim a pensar: 'Ao que nós chegamos! A senhora com a melhor das intenções a falar e eu tive medo dela!'. Sim porque a nossa sociedade o cada vez mais nos incute é o medo, ter medo dos outros, ter medo das intenções das pessoas...

Caminhava eu pela cidade ainda a pensar no assunto quando uma rapariga se aproxima de mim. Só me apercebi dela quando estávamos já bem perto. Mais uma vez me encolhi, mas logo me veio à mente o episódio dos últimos minutos, recompus-me, sorri e ouvi o que ela me disse, aliás perguntou. Onde ficava uma loja. 'Ufa, desta saí-me melhor!', pensei.

E de coincidência atrás de coincidência, quando já estava no parque de estacionamento, a entrar para o carro, aparece-me um senhor do nada a perguntar em que piso estava. Sem medos, respondi-lhe e até o ajudei a procurar o carro.
Confesso que o fiz com teste à minha pessoa, pois dado o aspecto do homem e o lugar em que foi, não fossem os dois episódios anteriores deixarem-me a pensar e, não digo que teria fugido do homem, mas teria entrado para o carro o mais depressa possível e respondido com um 'menos dois' entre dentes!

Estamos a ficar uns bichos do mato desconfiados! Até da própria sombra temos medo!
E não digam que sou só eu, pois quando me dirijo na rua a perguntar alguma coisa a um desconhecido a reacção é a mesma!
Dia de cão, semana canina... noite fantástica.

As mesmas personagens, cenários diferentes, sensações diferentes.

Sim, fomos todos jantar, os da secção. Foi bom, muito bom, tão bomo como má foi a semana.

Onde está a diferença?

Local?

Sim este é bem melhor. É o Flor do Sal.

Bom, Bonito e (pouco) Barato, mas não me queixo...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Lembrei-me de ti hoje...e sempre

Olá Paulo,

De ti não tenho fotos, um livro, uma carta… só recordações das nossas conversas, dos nossos passeios e do teu sorriso. Tinhas o sorriso mais sereno que eu conheci. Rir não rias, sorrias e era uma constante ver-te sorrir das traquinices e das tarantices minhas e da Paula. Quase riste quando a Paula te enviou uma carta com um selo fiscal. Tu não te enganavas, tu não falhavas. Tu tinhas as melhores notas da turma, da escola.Tu não brincavas!
Nos intervalos sentavas-te num banco a ver-nos saltar, correr, cair… mas ironicamente, um dia apareceste na escola com um braço ao peito. Pisaste um carrinho do teu irmão mais novo e caíste escada abaixo. O resultado foi o braço direito engessado durante um mês!

Um dia, o meu pai, amigo do teu tio, telefonou-me a perguntar se eu sabia de ti. Tinhas fugido de casa. Eu não sabia, a Paula não sabia, ninguém sabia. Não tinhas dito a ninguém, nem às tuas grandes amigas. Foste apanhado quando tentaste comprar uma viagem clandestina num barco para os Estados Unidos. Querias ir para a NASA. Ingénuo! Depois de uma longa conversa com os teus Pais, ficou combinado que mudarias de área, acabarias o 12º ano e no final eles deixavam-te ir estudar para os EUA. Enganaste-nos a todos. Iludiste-nos com o entusiasmo, falso, com que agora encaravas as coisas.

Quebraste o trato. Um dia, os teus pais receberam a notícia de que tinhas dado entrada no hospital de S. João em muito mau estado: tinhas-te atirado abaixo do tabuleiro superior da Ponte D. Luiz. Não fizeste nada para sobreviver. Sempre que os médicos se aproximavam , as tuas palavras eram: ' Não percam tempo comigo. Eu estou aqui porque quero morrer. Vão tratar de pessoas que querem viver.' Acabaste por morrer. Pela primeira vez fui a um funeral. A tua morte foi muito noticiada. Disse-se muita coisa. Especulou-se muito, como se especula de tudo sobre o que se sabe pouco! 'Morreu porque quis', era a frase mais ouvida. Não acredito. Conhecia-te o suficiente para saber que era uma fase má. Que provavelmente era mesmo o que querias naquele momento, mas que se alguém ou alguma coisa to tivesse impedido, agora estarias aqui a rir-te da palermice que tinhas feito quando tinhas 16 anos. Ontem estreou em Portugal, onde tu não estarias se vivesses, um filme novo do Star Trek… ter-me-ias, a mim e à Paula, convidado para ir ver. Sabias que não gostávamos, mas dizias que um dias nos ias fazer gostar de filmes de ficção científica… não tiveste tempo e nós não quisemos gastar tempo a aprender… sem ti.

Um grande beijo, amigo