terça-feira, 11 de novembro de 2008

Hoje é Dia 11 de Novembro

Hoje é dia 11 de Novembro, dia de S. Martinho, dia do aniversário de nascimento do Avô Reis!
Engraçado, o nome próprio dele era Alberto e eu, sabe-se lá porquê, sempre lhe chamei Avô Reis! Quando era pequena e não conseguia dizer os erres, atrapalhava-me toda para dizer o nome dele, mas mesmo assim nunca mudei para Alberto... seria muito mais fácil, mas não... fácil não é comigo... tem de dar luta!
Reformou-se muito cedo da polícia, tão cedo que não me lembro dele fardado! Gostava muito de fazer trabalhos com madeiras... tinha um banco de carpinteiro feito por ele, que era um assombro! Eu adorava ir para lá brincar... cada coisa tinha o seu sítio, estudado ao mais pequeno detalhe: eram os formões, os serrotes, as verrumas, as chaves de fendas, as limas, as plainas...também feitas por ele... assim como os cabos das ferramentas!
Graças ao banco de carpinteiro do meu avô e às tardes passadas junto dele, fiz um brilharete nas aulas de trabalhos oficinais quando foram sobre trabalhos em madeira... sabia o nome das ferramentas todas!
Também acho que é daí que vem a minha mania das arrumações... (é melhor nem falar!)
Quando a saúde lhe permitia, quem o quisesse ver era lá, ora a fazer um banco, ora a consertar uma porta, ora a fazer um brinquedo para mim... ah pois, é que eu tenho duas peças maravilhosas feiras por ele: um baú em mogno e uma cómoda guarda jóias limdissímas! Até os puxadores foram feitos por ele!
A primeira vez que fui ao S. João, foi no Porto, claro, andei a noite toda sentada nos ombros dele... a vista era priveligiada... ele ara um homem bastante alto, tinha 1,87m... ainda hoje seria, quanto mais na sua geração!
Era um homem austero com todos, menos comigo! Fazia-me coisas e deixava-me fazer coisas que deixavam a minha mãe de boca aberta! Um dia fui passear de comboio com ele e a minha avó, o meu primeiro passeio de comboio. Os bancos do comboio pareciam bancos de jardim, e como vinha quase vazio, eu e ele divertimo-nos imenso a brincar na carruagem, saltando de banco para banco, eu a fazer de cobrador e ele de passageiro, enfim... aquelas brincadeiras que uma miúda de 4 anos gostava...
Só me lembro de quando os meus pais nos viram, a minha mãe ter deitado as mãos à cabeça: eu tinha saído de casa de vestido branco... estava negro. Ele com a gravata afastada do pescoço, o primeiro botão da camisa aberto e o casaco pendurado no dedo. O 'Chefe Reis' naquele preparo!
Bom, já vai longa a minha conversa sobre o 'Chefe' Reis. É claro que ele não tinha só coisas boas... ninguém tem só coisas boas, senão não é humano... mas para quê falar do que não presta? É perda de tempo!
Ele ensinou-me muitas coisas, boas e más, (lá está!). Com ele havia sempre a moral da história... tudo tinha uma explicação, nada era por acaso!
Talvez tenha sido daí que eu ganhei o hábito de tentar encontrar uma explicação para tudo e tentar-me sempre por no lugar de todos para perceber os argumentos de cada um...

Parabéns Avô... Fazias 91 anos hoje.

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