sábado, 13 de junho de 2009

Hoje acordei assim, FELIZ

Naquela manhã acordou feliz, apesar da longa jornada da noite.
Numa noite teve tudo a que sempre achou ter direito e nunca em décadas de vida terrena o conseguiu.

Naquela noite foi feliz, viveu um grande amor, fugiu com ele e foi muito feliz.

Numa noite encontrou o amor, libertou-se de uma vida que não gostava e foi feliz... até o despertador tocar.

Foi uma noite como há muito já não tinha. Daquelas em que acordamos a meio de um sonho e fazemos u esforço enorme para voltar a dormir para 'acabar' o sonho.

O seu amor estava ali perto, pertinho. Reconheceu-o no sonho. Era alguém que conhecia há já muito tempo, mas que sempre fora um mero conhecido. Era alguém com quem se encontrava amiúde em festas, no café e com quem se cruzava no bairro. As suas palavras pouco iam para além do 'Bom -dia'.

No sonho não. No sonho encontrou-o noutra cidade, apaixonaram-se. E porque estava ela sozinha noutra cidade sem o João? Pois estava cansada, cansada da vida que levava e tinha tido a coragem de largar tudo, o marido, os filhos, os pais, o emprego, comprar um bilhete de avião e ir...

O bilhete foi o primeiro que lhe apareceu no site da companhia de aviação e que pudera comprar com as milhas. Não sabia bem onde estava. Também não fazia mal. Estava feliz, num sitio bonito.... e encontrou-o, ao Amor.

Como cá fora, fora dos sonhos, quando encontramos pessoas com quem nunca falamos fora da rotina , temos tendência para falarmos e comentarmos os facto.
Foi o que aconteceu. Encontraram-se e falaram. Chegaram à conclusão que estavam os dois ao mesmo... À procura do amor. E que tinham fugido os dois do mesmo. Do que não queriam. De uma vida rotineira, de um emprego chato e de um casamento que os estava a sufocar.

O sitio eram lindo. Tinha monumentos, jardins, e pessoas, muitas pessoas. Mas eram pessoas que não olhavam umas para as outras, que não comentavam o estar das outras. Eram pessoas que sorriam, pessoas serenas, pessoas amavéis... pessoas lindas cuja beleza vinha de dentro.

Sentaram-se num banco de jardim e olharam-se nos olhos durante muito tempo. Apaixonaram-se.

Era a última noite deles ali naquele sitio. A paixão estava ao rubro.
estavam apaixonados como nenhum deles sabia ser possível e naquela noite concretizaram a paixão com uma linda e longa noite de amor. Amaram-se, amaram-se muito como nenhum deles alguma vez achou que fosse possível.

Tocou o despertador. Ela acordou. Tinha o João a seu lado. Eram seis da manhã. Desligou-o. 'É Sábado, não vou trabalhar', pensou. Fechou os olhos e voltou para junto do seu amor. Continuaram a amar-se mais e mais. Adiaram o regresso. Precisavam de mais tempo para continuarem o amor. Sem mulher, sem marido.

Ali não havia empregos chatos, nem falta deles. Só empregos com chefes sorridentes e colegas amigos.

Iam ficar ali para sempre. Naquele ninho gigante de amor.

Disseram às famílias que não voltavam, nem naquele dia, nem nunca mais. A família ficou triste, só as mães, a dela e a dele, sempre do seu lado incondicionalmente, os apoiou: 'Filha, vou ter saudade, mas se é o melhor para ti, eu fico bem.', disse-lhe a dela.
'Filho, cuida-te. Dá notícias. Se precisares de dinheiro, avisa.', disse-lhe a dele.
Dinheiro?!. Mas que é isso?. 'Aqui não é preciso, Mãe.'.

O despertador voltou a tocar. Eram oito horas agora. Tinha de se levantar. Olhou novamente para João, que dormia a seu lado. Foi um sonho. Foi um sonho onde viveu em oito horas, tudo que queria ter vivido numa vida...

O marido acorda. Ela está feliz, sorri-lhe.
'Que se passa?', pergunta-lhe ele.
'Nada, porquê?', responde.
'Está a sorrir...'
'E que mal tem isso?', perguntou.
'Nada, só que nunca acordas assim...', respondeu admirado.
'Pois não, mas hoje acordei assim...', sentindo-se cada vez mais feliz.

Levanta-se vai para o duche... feliz como nunca...

Ouve ainda o marido a resmungar 'Vá alguém compreender as mulheres...'

Grita de dentro do duche: 'Parece que aqui é crime acordar feliz!'

Ficção para a Fábrica de Histórias

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