domingo, 27 de setembro de 2009

Eleições

Já está, já votei. Agora é só esperar pelo fecho das urnas.

Lembrei-me assim de repente do dia 25 de Abril de 1975, dia de eleições, também.

Os meus pais forma ambos convocados para mesas de voto, a minha Mãe como presidente ( foi presidente por um dia!) e o meu Pai como fiscal.

Eu fui de véspera para casa dos meus avós paternos. Ficou combinado que eu dormia em casa deles, no dia 25 de manhã iam votar e depois vinham para minha casa, onde a minha Avó faria o almoço para todos.

Assim foi, foi uma manhã enorme. Levantar, apanhar um autocarro até à escola onde os meus avós votavam e no fim apanhar mais dois autocarros até minha casa. Algo que com carro se fazia com muita facilidade, mas em transportes públicos era coisa para um bom par de horas. Claro que para mim não custou nada!

O sacrificado no meio de toda esta história foi o meu Avô, que tinha de amparar a minha Avó, tomar conta de mim e ainda carregar com a tralha, quase, toda.

Valeu a avançada idade e recente trombose da minha Avó para nos despacharmos de uma fila enorme de eleitores.

Eram as primeiras eleições e o povoe estava com sede de voto. Havia partidos, mas não havia. Éramos todos livres, todos podíamos votar e era o espírito que reinava.

À hora do almoço, quando vieram almoçar, os meus pais estavam eufóricos. A conversa foi praticamente sobre a afluência e comportamento das pessoas nas mesas de voto.

Falavam de quem tinha ido às mesas deles, de quem estava com eles nas mesas.

Lembro-me particularmente de a minha Mãe contar que, com o nervosismo, ter metido dentro da urna o bilhete de identidade de um eleitor juntamente com o boletim de voto. Tiveram de explicar ao senhor que não podiam abrir a urna naquele momento, mas que, caso ele não pudesse, eles fariam chegar o BI a casa dele ainda naquele dia.

Acabaram por descobrir que o senhor era vizinho de um dos elementos da mesa e assim tudo ficou resolvido.

À noite a euforia foi ainda maior. Para além de o partido dele ganhar na freguesia, um amigo dos meus pais, que estava como fiscal na mesa da minha Mãe, foi Pai. A notícia chegou ainda as urnas não tinham fechado e o nervoso miudinho foi a duplicar...

Era um rapaz e, na emoção da época, foi baptizado com os nomes de duas figuras políticas da época.

À noitinha, já depois da contagem dos votos, fomos levar os meus avós a casa e no regresso ainda fomos festejar para a Praça General Humberto Delgado-não sei se já tinha este nome na época-a vitória do partido da maioria, a ida às urnas da grande maioria dos portugueses, o aniversário da Revolução dos Cravos, mas acima de tudo comemorava-se a LIBERDADE, de quem muitos ainda tinham medo ao fim de um ano.

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