Endoscopia

E hoje de manhã, privada da única refeição que aprecio, o pequeno-almoço; lá fui eu, mais uma amiga fazer a endoscopia.

Novidade para mim, lá tentei seguir à risca as indicações da técnica:'Deite-se de lado sobre o ombro esquerdo e abra a boca para eu lhe colocar um spray anestesiante.'

Assim foi, assim fiz e enquanto esperava pela chegada da médica, entretive-me a observar o monitor do computador onde podia ver o borbulhar do líquido onde estava mergulhada a sonda que segundos, minutos, mais tarde haveria de entrar por mim adentro. Concentro-me nisso e fixo que quero acompanhar a caminhada da sonda até ao meu estômago.

Chega a médica, que me pergunta o porquê do exame. Explico-lhe que tive uns episódios de crises de vesícula e que o médico me recomendou este exame para dissipar dúvidas.

Pergunta ainda se eu tenho pessoas na família com problemas de estômago. Digo-lhe que sim, e muitos. Começo a enumerar: 'a minha avó foi operada duas vezes a ulceras, uma das quais rebentou antes da operação; o meu avô morreu de cancro no esófago e o meu pai teve problemas gástricos.'. Fiquei por aqui. Podia ter continuado com os problemas dos meus tios, da outra avó, mas achei que a médica já estava convencida da preocupação do médico.

Chegou então a hora. Não foi dramática a viagem do tubo por dentro de mim, mas também nada que se deseje repetir. à medida que o tubo vai caminhando, o vómito surge, a saliva parece ocupar o pouco espaço livre para respirar e a completar vem a tosse que puxa as lágrimas.

Fecho os olhos, tusso, soluço e mais qualquer coisa. Ouço da médica um 'Já está' e da assistente um 'Portou-se muito bem!'.

'Deve dizer isto a todos', pensei. E, ora bolas, não vi nada! Fechei os olhos! Que frustração!

'Tem uma pequena inflamação. Nada de grave, nem preocupante. Leva já o relatório. Espere um bocadinho lá fora.'

A amiga com quem fui já me esperava lá fora. Trocamos experiências. Fizemos as duas a mesma figura, ou seja, portamo-nos bem!

Com ela tudo bem, comigo menos bem. Recebemos o relatório, saímos do consultório e o passo seguinte foi procurar um café. Pequeno almoço às 11h30, too late, mas inevitável.

Entramos num café, já conhecido e ´há muito que um pequeno-almoço não me sabia tão bem, mas tão bem, que repeti o chá e repeti o pão. Comi dois pães e bebi todo o chá do bule.

Estávamos deliciadas.

Ah e o meu relatório? Pois, entre muito palavreado a dizer que está tudo normal, a maiúsculas: 'EROSÃO NO ANTRO PRE PILORICO'.

Agora é ir ao médico para saber quais os passos seguintes.

E daqui a umas horas espera-me a cadeira do dentista.