sábado, 6 de março de 2010

Vizinhança


Sempre que tive em conta o factor barulho na escolha das minhas casa. Não porque me incomode a mim, que vivi os primeiros vinte anos da minha vida na avenida principal de S. Mamede de Infesta, a Avenida do Conde; mas sossego nunca fez mal a ninguém.

Quando vim para esta casa, vinha convicta que barulho era coisa que não ia ter. Rua sem saída. Só mesmo os moradores ou quem os visita, aqui vêm.

Enganei-me!
Tenho do meu lado direito uns vizinhos que desde que para cá vim, e já lá vão cinco anos, não têm final de dia e fim-de-semana, que não tenham algo pata fazer, ou no quintal ou dentro de casa. Deita parede abaixo, ergue parede, corta portão, põe pedra nos muros, coloca estendal, troca a tijoleira do pátio... enfim, tudo que meta martelo, esmeril, rebarbadeira, berbequim, é feito nestas alturas.
O Verão passado passaram-no, ora coloca prateleira no anexo, ora tira prateleira e pendura gaiola, ora monta uma bancada... e que tal um forno.
E no Verão é até ao Sol pôr-se! E agora no Inverno, como entretanto colocaram candeeiros é o mesmo, até às 23h, a correr bem! Até um furo de água fizeram à noite!
Lembraram-se ainda de num Natal destes, oferecer à filha uma mota eléctrica, que a rapariga passeia nas noites de Verão rua acima, rua abaixo até altas horas!

Os vizinhos do outro lado, têm uns horários diferentes dos meus (para não dizer normais) e então é chegar às duas da manhã, bater com portas de carro, berrar em plena rua, que sem movimento faz um eco desgraçado... enfim.
Ou então quando se lembram de, aos fins-de-semana, fazer sessões de fados em casa, que se prolongam noite adentro.

Como se não bastasse, ainda houve alguém que se lembrou de colocar no jardim 'espanta espíritos', ou 'espera maridos'. Descobri nestes dias de vento, em que os tubos metálicos do artefacto fazia uma chinfraneira que até os cães irritavam!

Ah, e ainda temos uma velhota nas traseiras, que logo cedinho pelas sete da manhã se lembra de estender roupa. Pois estender roupa é pacífico e silêncioso, mas quando não se tem um estendal a três metros de altura do solo e que funciona com um sistema de roldanas, que só foram lubrificadas no dia em lá foram colocadas, se é que foram !

E claro para não falar do vizinho da frente que nos dias em que vai para a farra e chega a meio da noite se lembra de correr o portão do jardim à mão... o dinheiro não chegou ara o motor, nem tão pouco para lubrificante. Provavelmente não sabe que é preciso. Pensa que só ele precisa de se 'lubrificar', o que faz lindamente aos fins-de-semana!

E, tirando isto, a zona é calma. Tenho dois cães fantásticos que só ladram ( agora estão a fazê-lo), quando querem comer ou os gatos estão na zona do jardim interdita a eles.
De noite dormem que nem uns anjinhos.

E, tirando isto, mais as fogueiras que fazem no baldio que ainda há a uns 20 metros da urbanização, a zona é óptima.

Antes o barulho dos carros, motos, autocarros e afins na Avenida do Conde, com os quais nunca acordei, que estes artistas que insistem em fazer barulhos nas horas de dormir ou (ainda não) acordar.

'Ai, vives no Céu.'- diz quem cá vem a casa.
Pois, pois, 'Aparências iludem!'-penso eu!

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