sexta-feira, 12 de agosto de 2011

É assim

Na quarta-feira à noite tive que levar o meu sogro ao hospital. Braga tem um novo hospital, apetrechado com tudo a que tem(os) direito.
Mas não é sobre o hospital que quero falar. Até porque só o vi uma vez, de noite e não passei da sala de espera das urgencias...
O meu sogro estava com falta de ar. Foi logo atendido e, vários exames e três horas depois, teve alta. O meu sogro tem mais de oitenta anos e é reformado. Está numa fase da vida em que não consegue 'viver' sozinho, tendo despesas extra associadas às ajudas que solicita.

Trabalhou mais que muitos anos, em Portugal e no estrangeiro, pagou sempre impostos e de todo estes anos tem uma reforma que ronda os seiscentos euros. A minha sogra, essa, mesmo tendo também trabalhado anos a fio, tem uma pensão, dita de sobrevivência.

No check out do hospital, perguntaram-lhe se a reforma dele era superio ao salário minímo. Disse que sim. A resposta foi que então não era isento e tinha que pagar as taxas e os exames. E lá foram quase trinta euros.

Pois, e no hospital estava deitado em dois bancos, um homem, já com uma pulseira da triagem. O homem tinha um aspecto lastimavel, ar de drogado, mesmo (não é que eu goste de avalair as pessoas pelo aspecto, mas...). Quando o segurança lhe foi dizer que não podia estar ali, que aquilo não era nenhum albergue e que se 'pusesse a andar'.
Levantou-se, arrastou-se. Um casaco de ganga debaixo do braço, duas peras numa mão e uma garrafa de água noutra. à medida que se aproximava da zona onde eu estava, um cheiro nauseabumdo a urina, invadia a zona e apercebi-me que tinha as calças molhadas até aos joelhos, daí o cheiro!

Sentou-se perto de mim. O cheiro era de tal modo incomodativo que as pessoas começaram a mudar de sitio. Fui para um sitio perto da porta para poder apanhar ar fresco, apesar do avançado da hora. Perdi o homem de vista, mas não do pensamento.
Como alguém pode chegar aquele ponto? Se tinha trinta anos, seria muito. Um caco!
Duas horas depois, voltei a vê-lo. Tinha voltado à triagem e saída pela porta das consultas. O que quer dizer que naquela noite foi pelo menos, duas vezes à triagem.
Quer dizer que também não pagou nada. Quer dizer que nunca deve ter descontado um cêntimo para o estado, pelo contrário, o estado, com o dinheiro de pessoas como o meu sogro, que continuam a ter que pagar taxa hospitalar, ele foi tratado, está a ser sustentado com um subsídio que é torrado em vícios no primeiro minuto e, o piro nesta história toda é que o  estado dispende dinheiro com estas pessoas, alimenta estas vidas, mas não faz NADA para as mudar!
E esta parte é a mais grave! Usar o dinheiro dos contribuintes para resgatar as pessoas para uma vida decente seria aceitável, agora usá-lo para ajudá-las nos seus caminhos para a decadência, é que NÃO!

Mas é o que temos! E não vejo forma de mudar... para melhor.