sábado, 27 de agosto de 2011

Isolamento

Ontem foi um dia difícil, o mais... até hoje.
Ontem foi dia de entrevista com médicos e dia de ouvir 'com as letras' todos o que já se sabia, mas ainda não se tinha ouvido... assim.
O L. mergulhou como que no fundo de um poço. Ele que é dado ao pessimismo, achava-se mentalizado. Mas não estava. E ontem ficou mesmo mal.

Hoje, tudo estava a correr dentro da normalidade a que nos habituamos nas ultimas semanas. O L. subiu, enquanto eu fui estacionar e levantar o meu cartão. Estava na fila e recebo o telefonema do L. a dizer que o pai dele havia sido transferido para uma outra ala do hospital.
Nada de mais, não fosse a informação não ter passado e o L. chegar à enfermaria e ver a cama vazia!
Nada de mais, não fosse a enfermeira ter-lhe dito que o pai havia sido transferido porque foi para um 'quarto individual de isolamento'!
Nada de mais, não estivesse ele com a mãe, que tem 81 anos!

E quando cheguei à enfermaria, lá estava ele à porta do quarto, sem pode entrar, pois estava com um alerta de que só se podia lá entrar de bata, luvas e máscara.
Equiparam-se e entraram. Chorosos, a pensar o pior. Eu não entrei. Fiquei no corredor. Achei que para quarto de isolamento, três pessoas seriam demais.
Perguntei à enfermeira o porquê do isolamento.
-Procedimento normal-respondeu.- Ele tem uma bactéria e tem que ser protegido. Aguardávamos que um quarto de isolamento ficasse livre para o transferir. Ele tem que ser protegido e os outros doentes também, daí o quarto individual. Não pense que ele está pior, pelo contrário, hoje até está mais bem disposto e até tem fome!
-Pois, mas podiam ter telefonado. Imagina o que é chegar à enfermaria e ver a cama vazia?
-Tem razão, mas se tivesse acontecido alguma coisa, aí tínhamos telefonado!

Encolhi os ombros. Ela tinha razão. Se tivesse acontecido algo de muito mau, eles certamente avisavam.
 Mas nem todas as pessoas são iguais e, se umas têm capacidade para raciocinar assim, outras, têm tendência para pensar logo no pior... é o caso do L.

Eu não vi a cara do L. quando viu a cama vazia, mas, conhecendo-o bem, imagino que deve ter entrado em pânico e começado a andar às voltas sem saber o que fazer.
Felizmente estamos a passar por uma situação destas pela primeira vez. O corpo cliníco bem que podia compreender que assim é, que assim pode acontecer. É que ninguém é informado sobre procedimentos hospitalares. Ninguém nos diz que quando uma pessoa vai para o isolamento não avisam a família. Ninguém nos diz (só depois de perguntar), que o isolamento é para proteger o doente e não as visitas.

Acham que nós temos que saber estas coisas! E os médicos, com quem o L. falou ontem, não podiam ter dito que estava planeada a mudança?! Arre!
E o susto passou, mas os nervos ficaram.
A ver se amanhã é um dia mais calmo.

2 comentários:

Alberto Velez Grilo disse...

Pois, é mesmo assim :(

Já passei por este filme...

Reflexos disse...

Muito desgastante!