Há muitos, muitos anos atrás, as estrelas tinham tarefas que, com o evoluir da ciência foram passando para as mãos dos homens. No tempo em que não havia electricidade nem bússola, orientar viajantes durante a noite era tarefa das estrelas!
Nesse tempo, há cerca de dois mil anos, as estrelas trabalhavam arduamente para evitar que pescadores se perdessem no mar, que viajantes se perdesse nos seu trajectos. Das milhares que desempenharam essas tarefas, uma ficou mais conhecida que as outras, a Polar.
A Polar era a guia mor de todos os viajantes e navegantes. Sempre que eles se sentiam desorientados, lá estava ela a indicar-lhes o caminho a seguir.
Um dia, três Reis, numa noite de Dezembro do calendário julianos, foram chamados para uma missão muito especial: viajar até Belém para visitar Maria e José que haviam sido pais de um menino de nome Jesus. Era noite, muito noite e fazia muito frio quando se meteram ao caminho: Baltasar, o Árabe; Belchior, o indiano e Gaspar o etíope.
Sem receios e com a vontade de cumprir a sua missão, meteram-se os três ao caminho, cada um com o seu presente. Perdidos, quis o destino que se encontrasse junto a um lago, enquanto davam de beber aos camelos.
-Boa noite, meu nome é Belchior. Por acaso sabem o caminho para Belém?
-Não, não sei e também vou para lá, mas deve ser por ali, -respondeu Gaspar apontando para Este...
-Não pode ser, de lá venho eu. Até porque lá já é quase de manhã e o Menino nasceu de noite... deve ser para ali. E apontava para Sul.
- Para ali também não pode ser... de lá venho eu,.- respondeu Gaspar, além disso a noite é mais pequena e nós precisamos de chegar de noite e de muita noite para viajar.
-Então que fazemos? Não podemos perder muito tempo! Temos de viajar em direcção à noite!- disse Gaspar.
-E se pedíssemos ajuda às estrelas? Elas sempre nos iluminaram os caminhos, será que nos guiam também?- disse Belchior.
Ergueram os três a cabeça para o céu, como que a pedir ajuda, tal como propusera Belchior.
Lá em cima, muito muito longe, estava a constelação Ursa Menor. Na sua cauda a Estrela Polar, que estrela experiente nestas coisas, apercebeu-se da dificuldade dos três Reis e começou a cintilar de uma forma mais intensa, para que eles se apercebessem da sua presença. Cada vez mais irrequieta, diz:
-Ó senhores Reis, querem ir para Belém?
-Olha, lá está! Gaspar, Belchior, vejam, ali, aquela estrela, está a falar connosco!
-Sim, estrela, queremos ir para Belém. -Respondeu Belchior.
-Então sigam-me, eu indico-lhes o caminho!
Sem hesitações, tomaram então o rumo que a estrela mandava.
Já o caminho ia longo, com Polar sempre à frente a indicar o caminho, quando Baltasar pergunta:
-Como te chamas, estrelinha?
-Chamo-me Polar e vivo na constelação Ursa Menor.
-Como soubeste que queríamos ir para Belém?-Pergunta Gaspar.
-Porque vos vi com presentes e sei que em Belém Maria deu à luz um menino.
-Já o viste?-perguntou Baltasar todo entusiasmado.
-... e como é ele?-perguntou Gaspar, sem dar tempo a Polar de responde antes a Baltasar.
-Sim, já o vi. É um menino muito bonito, tem olhos azuis e é loiro! E vocês , quem são?
-Eu sou Belchior, venho da Índia e levo ouro para o menino, símbolo da realeza.
-Eu sou Gaspar, venho da Étiopia e levo mirra, símbolo da humanidade.
-E eu sou o Baltasar, sou árabe e levo incenso, símbolo da divindade.
-Agora percebo o quanto importante é a vossa viagem, vão levar para o Menino três valores muito importantes para a sua vida: humanidade, realeza e divindade!
A viagem continuou com os três Reis sempre atrás da estrela até que chegaram a um sítio que, apesar de noite estava iluminado. Polar disse então:
-Chegamos, é aqui!
-Nunca vi tanta luz de noite!- disse Belchior.
-Foram as constelações que se juntaram e vieram iluminar o Menino. A minha tarefa acaba aqui.
-Obrigado, Polar, por nos teres guiado.-agradeceu Gaspar.
-Eu é que agradeço por tão nobres presentes trazerem ao Menino. Entrem, não esperem mais, vão ver como é lindo, o Menino Jesus!
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