Do DN:
O temporal que desde a madrugada se abateu sobre a Madeira causou pelo menos 32 mortos e 68 feridos. O número de vítimas mortais foi confirmado pelo vice-presidente do Governo Regional da Madeira, João Cunha e Silva.
Além dos 32 mortos, o hospital do Funchal registou a entrada de 68 feridos, dois dos quais tiveram de ser sujeitos a intervenções cirúrgicas, revelou o governante.O temporal que desde a madrugada se abateu sobre a Madeira causou pelo menos 32 mortos e 68 feridos. O número de vítimas mortais foi confirmado pelo vice-presidente do Governo Regional da Madeira, João Cunha e Silva.
Por seu turno, o presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, disse que está a preparar o envio a Bruxelas de "um pedido de apoio", com "documentação fundamentada". Jardim disse aos jornalistas que estão a ser preparados alojamentos para mais de 200 pessoas e anunciou que deu ordens para lançar de imediato um concurso público para resolver os problemas de realojamento das pessoas que ficaram sem casa.
No Serviço de Urgências do hospital Dr. Nelio Mendonça, no Funchal, deram entrada até ao momento 68 feridos, dois dos quais em estado grave, afirmou hoje o responsável clínico da instituição.
Em conferência de imprensa Pedro Ramos, o director clínico e o presidente do Serviço de Saúde da Madeira, Miguel Ferreira e Almada Cardoso, fizeram o primeiro balanço da situação no hospital na sequência do temporal que assolou hoje a região que provocou várias vítimas e desaparecidos.
Estes responsáveis garantiram que existe um plano de resposta do hospital para emergências externas com vítimas que abrange diversos níveis que “foram todos activados”.
O director clínico do Serviço de Saúde da Madeira adiantou que, no que diz respeito aos feridos, “alguns casos são de hipotermia, pessoas que ficaram soterradas ou foram arrastadas nas enxurradas, pequenas feridas, a maior parte são situações de baixo risco que só vão ficar até domingo por questão de segurança e é difícil regressarem aos seus lares”.
Miguel Ferreira garantiu que neste momento “a situação está toda controlada, as equipas de intervenção do Bloco e várias especialidades, todos os colegas responderam ao apelo do virem para o Hospital e estão de prevenção”.
Referiu que também as equipas de enfermagem estão superreforçadas e o pessoal de todos os sectores deram um “apoio excepcional para uma eventualidade de socorro”.
Mencionou que as difíceis comunicações com os outros pontos da ilha levaram o Serviço de Saúde a equacionar, “se houver dificuldades de acesso ao hospital, abrir noutras zonas ou centros de saúde um posto”.
O pessoal do heliporto do Hospital do Funchal também está de prevenção.
Os responsáveis hospitalares vão fazer uma actualização da situação às 19:00.
Jardim: Prioridade é "tratar dos vivos" a alojar quem perdeu casa
O presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, afirmou hoje que a prioridade é "tratar dos vivos" e "alojar quem perdeu a casa" no temporal que assolou a ilha.
Numa conferência de imprensa no Serviço Regional de Protecção Civil, Alberto João Jardim salientou que o Governo Regional tomou já "as primeiras decisões que a situação exigia".
Disse ainda que o momento é de limpar as estradas que estão transitáveis, e proceder a recuperação das pontes tendo sido pedido às Forças Armadas pontes concebidas pela engenharia militar para substituir enquanto as que foram destruídas pela força da água.
O restabelecimento da energia eléctrica e das comunicações e distribuição de refeições são outras prioridades do Governo Regional.
Indicou ainda a limpeza das ribeiras tendo salientado que "se não tivéssemos feito estas obras de canalização das ribeiras que fizemos nos últimos anos, hoje e não existia a baixa do Funchal".
Prejuízos incalculáveis
“Os prejuízos são incalculáveis, de milhões e milhões de contos”, devido às dezenas de carros arrastados, inúmeras inundações em casas, lojas e grandes edifícios públicos, estradas e infraestruturas destruídas. A ilha da Madeira está totalmente isolada do exterior.
Segundo o presidente da Câmara Municipal do Funchal, Miguel Albuquerque, as situações mais graves têm ocorrido nas zonas altas do concelho do Funchal, com inúmeros desmoronamentos, e, também, no concelho da Ribeira Brava, onde a autarquia apelou à população para que evacue a baixa da vila.
"A situação é crítica em todo o concelho do Funchal”, disse o autarca, adiantando que “todos os bombeiros, membros da protecção civil e pessoal da câmara estão na rua a tentar dar abrigo às pessoas afectadas e afastá-las das zonas de perigo”.
Nesta altura, o grande perigo é a subida da maré na Madeira, que coloca ainda mais em risco as zonas ribeirinhas das zonas mais atingidas.
Na baixa funchalense viveram-se momentos de pânico, com as águas das ribeiras a ultrapassarem os muros de protecção e a galgarem as principais pontes da cidade, como na Ponte do Bazar do Povo, a ponte do mercado (que desabou parcialmente) e a ponte junto ao edifício Dolce Vita, onde as águas ameaçam destruir uma rotunda ali construída recentemente.
Outras situações dramáticas ocorreram nas zonas altas, provocando derrocadas nos Moinhos, Três Paus, Trapiche (onde morreu uma senhora idosa alarmada com o desabar do telhado da sua casa provocado pela queda de uma grua).
Neste momento, a baixa da cidade está intransitável ao trânsito automóvel, com a Avenida do Mar e a zona velha da cidade completamente alagadas bem como a avenida Arriaga, a rua Fernão de Ornelas.
O centro comercial Dolce Vitta foi evacuado e o parque de estacionamento de vários andares está completamente inundado.
O mesmo ocorreu no Centro Comercial do Anadia, onde a água transbordou no estacionamento.
A via rápida Ribeira Brava - Machico está interrompida em variadíssimos pontos, pelo que a circulação está praticamente intransitável.
De acordo com uma fonte do Instituto Nacional de Meteorologia, “o pior já terá passado”, prevendo-se que a tarde não seja tão pluviosa como foi a manhã, designadamente entre o período compreendido entre as 09:00 e as 10:00 horas da manhã.
Nessa hora, choveu 52 milímetros no Funchal e 58 milímetros no Pico do Areeiro, segundo ponto mais alto da Região.
Para além da chuva, os ventos muito fortes, que têm atingido os 100 quilómetros das zonas altas e a forte ondulação marítima estão a contribuir para o agravamento da situação.
Aeroporto da Madeira permanece fechado
O Aeroporto da Madeira está fechado por motivos de segurança e não existem ainda previsões para a sua reabertura, disse hoje à agência Lusa o porta-voz da ANA - Aeroportos de Portugal.
"O aeroporto está fechado por motivos de segurança e só será reaberto quando estiveram reunidas todas as condições de segurança operacionais", afirmou Rui Oliveira. "Ainda não há previsões para a abertura", acrescentou.
Fonte da TAP confirmou o cancelamento, até ao momento, de um total de cinco voos. Registaram-se ainda atrasos ou cancelamentos de voos programados pela transportadora açoriana Sata do Funchal para Ponta Delgada, Lisboa, Las Palmas e Paris, envolvendo um total de 440 passageiros.
2 comentários:
Cara Reflexos, deixo aqui um testemunho, que presenciei de perto ao vivo e a cores.
Dia 20 de Fevereiro, jamais esquecerei...
Pois eu vivi em 2010 um autêntico 1993 ou ainda pior, tinha eu cinco anos de idade, quando acordei com todos na minha casa a gritar por estar toda ela inundada, nessa altura a Ribeira de São João, fez muitos estragos, na minha casa e na casa das minhas vizinhas, era madrugada... quando a água furiosa transbordou da ribeira penetrando-se nas ruas e nas casas de outros, com ela levou toda a minha roupa e não só minha como a dos meus familiares, frigoríficos, máquina de lavar, ficamos pelo menos 2 dias sem água potável entre outras coisas. Em 2010, a 20 de Fevereiro, por volta das 11h00 da manhã tive de sair de casa, pois a ribeira de São João transbordou-se e o mesmo sucedido aconteceu, mas com pequenas diferenças era de manhã, estávamos acordados e trabalhamos em conjunto para impedir que a agua inunda-se algumas casas, evitamos que isso acontecesse para algumas mas para outras a água penetrou-se na casa das outras pessoas, impedido que umas abrisse as portas, tiveram que saltar a janela, mas não houve muitos danos materiais comparando a de 1993.
Felizmente na minha casa não entrou mas faltou muito pouco, aquilo que pensava que já tinha passado hoje voltou, se o que aconteceu na manhã do dia 20 fosse na madrugada, hoje poderia não estar aqui para contar o que vivi.
O medo, o pânico ainda vive em mim, o receio de começar outra vez do zero, como aconteceu há muitos madeirenses que hoje não têm nada, não estou indiferente, a dor que eles sentem eu também senti e torno a sentir. Choro a mesma dor, contudo rezo e espero que o tempo melhor e que volte tudo à normalidade o quanto antes.
17 anos depois acontece a mesma tragédia pior do que 1993. Um grande bem Haja a si e a todos que contribuíram e colaboraram com o Povo da Madeira.
Um muito obrigado.
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