quinta-feira, 1 de julho de 2010

Não sei como começar. Faltam-me as palavras.

Quero-vos falar da aventura, chamemos-lhe assim, que vivi durante o último mês. E quero-vos falar hoje porque me sinto a passo de a ter concluída e porque nos últimos dias tivemos uma grande vitória. O L. neste momento está a ver bem, dentro dos limites impostos pelas características dos seus olhos, mas vê TV, pode estar em frente do PC... pode quase ter a vida que tinha antes da cirurgia.

Desde o dia 27 de Maio, quase todos os dias foram menos bons. Foi um mês de avanços e recuos, que muitas vezes nos fizeram quase deixar de acreditar que hoje as coisas estariam assim. Mas, em muitos desses momentos em que o acreditar quase falhou, vocês estiveram presentes para recordar que é preciso acreditar e que eram só momentos menos bons.
Desde o dia 27 que as manifestações de amizade não deixam de surgir, vindas dos mais próximos e dos mais distantes, de pessoas que provavelmente nunca conhecerei.
Todos pediram à sua maneira, na sua maior fé e devoção. Todos tiveram palavras e gestos de força.
Alguns foram verdadeiros anjos da guarda, como naquele dia, em que no meio de tanta gente nunca me senti tão sozinha e desamparada. Foi um anjo que encontrei, disse-lho mo momento. Chorei no ombro dela enquanto em lágrimas, das poucas vezes que chorei, lhe pedia desculpa.
Fez-me bem. Fez-me bem também as mensagens dos amigos, diárias algumas, de força e de cuidado.

Não vou esquecer a vontade, o querer de alguns, em ajudar. Mas pouco havia a fazer, senão esperar.
Não vou esquecer a paciência com que ouviam as descrições dos acontecimentos, dos quais eu tinha necessidade de falar, confesso. Muitos terão ouvido vezes sem conta a mesma coisa, sem a mais pequena reclamação, mas sim sempre com a mesma tristeza nas expressão. Vi medo nos olhos de alguns. A voz de outros tremia quando falava comigo. Temiam as minhas respostas. Temiam ouvir o que não queriam , mas que muitas vezes era o que eu tinha para dizer.
Da primeira cirurgia a tensão era grande. Uma mensagem inesperada, pôs-me com uma lágrima ao canto do olho e fez-me sentir que não estava só. Obrigada, sim foste tu!
Mensagens de manhã e à noite, quando não eram telefonemas a saber notícias, deram-me serenidade e aconchego.
Sim, tenho a certeza que aquelas centenas de 'Se precisares, conta comigo!', nenhum deles foi da boca para fora. Sei que se batesse a qualquer uma daquelas portas ela se abriria, incondicionalmente.
E tu, mesmo no médico, te lembraste de mim, não me esqueço disso.
Não em esqueço dos telefonemas que o L. recebia e que tanto ânimo lhe davam. Nos dias em que isso acontecia encontrava-o bem mais animado. E das visitas de fim de tarde para beber uma mini e comer umas natinhas. Que bem lhe faziam essas visitas!
E logo que ele se sentiu capaz, foi visitar os amigos e colegas. E que feliz ele ficou com a manifestação de alegria deles!
E por falar nisso, já recebemos o postal do Vaticano. Obrigada por se terem lembrado.
E os meus queridos seguidores deste blogue, que sempre estiveram presentes e preocupados quando não havia notícias. Para eles um grande BEIJO. Do tamanho do MUNDO.

E agora chamem-me lamechas, à vontade. Estou a fazer o que acho que devo.

A guerra ainda não acabou. Há algumas conquistas para fazer, mas este momento está a ser tão recompensador, que não queria deixar de o partilhar convosco.

Sabem, só nos momentos mais adversos da vida é que aprendemos a dar valor a estas coisas e aí não temos medo que nos chamem lamechas ou coisas piores por partilhar as emoções...
Por isso chamem-me lamechas, ou coisa pior à vontade. Estou só a fazer o que acho que devo fazer. Estão perdoados... desta vez!

1 comentário:

SAO disse...

"Um dia, quando olhares para trás, verás que os dias mais belos foram aqueles em que lutaste."
(S.Freud)
Retribuo o beijo e acrescento um abraço bem apertadinho.
SAO