quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Allô, Allô

O Alberto lembrou-se de falar do Allô Allô no Outras Escritas.
É claro que me vieram as recordações de tempos maravilhosos, esses em que havia só uma estação de televisão, a RTP, a estatal. Não havia telenovelas, havia uma telenovela, brasileira, que era emitida durante 30 minutos por dia. Ao fim-de-semana não 'dava' a telenovela e no horário da telenovela tínhamos na RTP2 séries fantásticas, e continuamos a ter, é uma verdade; como o Fugitivo.
Segunda-feira, dia de falar de futebol em tudo que era sítio. No café, no autocarro, nas aulas; nós falávamos do Allô Allô, como se pertencêssemos a outra galáxia!
Mas nós não nos incomodávamos com isso. Nem com isso, nem com muitas outras coisas que fazíamos e que eram vistas pelos outros como 'criancices', muitas vezes.
Naquele tempo tudo era motivo para brincarmos, para nos divertia. Divertia-nos um professor ir contra uma mesa, divertia-nos a empregada da limpeza andar a 'cuscar' nos corredores, divertia-nos a forma como a 'Georgina' se sentava no bar, divertia-nos o professor que adormecia no carro durante a hora do almoço e falhava a aula, divertia-nos a ´poupa' do Paulinho; divertia-nos as corridas do Zé para o WC depois de tomar café, divertia-nos o Miguel a mandar a empregada do café ficar com o troco depois de lhe dar dinheiro a menos, tudo nos divertia.
E quase não tínhamos dinheiro. E o que tínhamos, pouco, era fruto de muito poupar. Poupar nos transportes, nos cafés, nas fotocópias.
Mas no final, com o dinheiro contado, pouco, íamos de férias. Íamos de comboio, de autocarro, a pé. Comíamos sandes, fruta, atum e salsichas.

Mas éramos felizes. Tínhamos o nosso mundo, vivíamos rodeados de pessoas que nos amavam incondicionalmente. Não tínhamos patrão, não tínhamos chefe, não pagávamos impostos e éramos felizes, éramos jovens, irresponsáveis, às vezes, mas que sempre soubemos de onde vínhamos e para onde íamos. Encontramos o nosso caminho, tivemos de fazer alguns desvios, mas continuamos a ser quem éramos, e acima de tudo e de todos os que entretanto, passaram e saíram das nossas vidas, continuamos AMIGOS! Amigos para sempre! Longe, perto, com e sem os outros. NÓS SOMOS AMIGOS, OS MELHORES AMIGOS DO MUNDO. Os amigos que Não cobram, mas que recebem sempre que precisam. Os AMIGOS que dão, quando o outro precisa sem pedir.


E pronto, deixei-me levar ao som do que me ia na alma... e as palavras trouxeram-me aqui...
E aqui fica um estado de alma.

2 comentários:

Alberto Velez Grilo disse...

:)

Acho que éramos e somos especiais, pelo menos, um pouco diferente do que é considerado padrão...

ET's talvez...

Beijinhos, adorei o texto... e lá veio a lágrima ao canto do olho...

Reflexos disse...

...pois, somos especiais.