Hoje um conjunto de coincidências deixou-me a pensar.
estava eu a ver uma montra quando uma senhora na casa dos 50 anos se encosta a mim e começa a falar.
Claro, não ouvi o que ela disse, pois todos os meus sentidos se concentraram em arranjar forma de eu me 'desligar' da senhora.
Sem sair do sitio deixei de sentir o braço da senhora encostado ao meu e comecei a ouvir o que ela dizia. Só dizia que a chávena para a qual eu supostamente estava a olhar era muito bonita e que a ia comprara porque ficava muito bem no carrinho de chá que tinha na sala.
Sorri para a senhora e respondi-lhe. 'São muito bonitas, são...'. A senhora sorriu-me e disse 'Pois acho que vou comprar'.
Afastei-me depois de um 'bom-dia' e vim a pensar: 'Ao que nós chegamos! A senhora com a melhor das intenções a falar e eu tive medo dela!'. Sim porque a nossa sociedade o cada vez mais nos incute é o medo, ter medo dos outros, ter medo das intenções das pessoas...
Caminhava eu pela cidade ainda a pensar no assunto quando uma rapariga se aproxima de mim. Só me apercebi dela quando estávamos já bem perto. Mais uma vez me encolhi, mas logo me veio à mente o episódio dos últimos minutos, recompus-me, sorri e ouvi o que ela me disse, aliás perguntou. Onde ficava uma loja. 'Ufa, desta saí-me melhor!', pensei.
E de coincidência atrás de coincidência, quando já estava no parque de estacionamento, a entrar para o carro, aparece-me um senhor do nada a perguntar em que piso estava. Sem medos, respondi-lhe e até o ajudei a procurar o carro.
Confesso que o fiz com teste à minha pessoa, pois dado o aspecto do homem e o lugar em que foi, não fossem os dois episódios anteriores deixarem-me a pensar e, não digo que teria fugido do homem, mas teria entrado para o carro o mais depressa possível e respondido com um 'menos dois' entre dentes!
Estamos a ficar uns bichos do mato desconfiados! Até da própria sombra temos medo!
E não digam que sou só eu, pois quando me dirijo na rua a perguntar alguma coisa a um desconhecido a reacção é a mesma!
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