A 'Tigela', como alguns chamam ao Pavilhão Rosa Mota, que em tempos foi Palácio de Cristal por herança de um edifício construído para albergar a feira internacional do Porto nos finais do séc XIX, já se cruzou comigo em alturas importantes para mim...
Em miúda passeava nos seus jardins, visitava o velho leão, que nunca vi noutra posição que não deitado. 'Tem as unhas encravadas e não se consegue levantar', era a resposta à pergunta sobre o porquê de estar sempre deitado. Na jaula ao lado viviam os inquietos macacos que tinham a árdua tarefa de me animar e 'limpar' a lágrima que aparecia no canto do olho sempre que olhava para o triste leão. Pelo menos comigo resultava. Talvez seja por isso que sempre gostei mais de leões que de macacos. Deixo, porém aqui a minha gratidão aos macacos por nunca terem deixado que a tristeza fosse comigo para casa.
Os pavões pavoneavam-se pelos jardins e sempre que queriam dar nas vistas, o que era frequente, abriam o seu magnifico leque. Desses distância. Penas e bicos não são comigo!
Antes de haver Exponor, as exposições, as grandes eram no palácio. Estou a lembrar-me das de campismo e caravanismo, das de automóveis e mais tarde das feiras do livros.
Lembro-me ainda de lá ter ido ao circo. Aí havia leões de pé!
Mas, porque se chama Palácio de Cristal?
'Porque antes deste pavilhão, havia aqui um edifício em ferro e vidro. Foi construído para albergar a Exposição Internacional do Porto.
Na década de sessenta para o campeonato de Hóquei em Patins, foi demolido e construído o Pavilhão dos desportos', a tigela. Desde aí tem sido usado para exposições e eventos.'
Havia um senhor em S. Mamede, o Sr Pinto, que não tinha três dedos. Foi a primeira pessoa que conheci assim. Um dia a esposa disse-me que os tinha perdido nas obras do palácio.
Foi nos jardins do Palácio que me diverti até de manhã nos arraiais da Queima. Foi lá que ouvi pela primeira vez Quim Barreiros. Não é que seja grande feito, mas pronto...
O leão entretanto morrera e os irrequietos macacos sairam de lá...
A Feira do Livro mudou para lá. Sim, porque é Feira do Livro do Porto sem chuva, não é feira do Livro do Porto!
Lá conheci autores importantes para mim... estou a lembrara-me de Agustina Bessa Luís.
E foi lá que... casei. Sim, casei na capela, que apesar de tanto por lá passar, nunca tinha visto. Uma capela pequenina, em pedra, junto ao lago. Chama-se Capela Carlos Alberto.
Casei, mudei de cidade e desde esse dia nunca mais fui ao Palácio de Cristal, que eu conheci quando já era Pavilhão dos Desportos e que agora em homenagem à Rosinha é Pavilhão Rosa Mota, mas que todos conhecem quando se fala na 'Tigela'.
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