quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Momento

Há coisas em que acreditamos durante a infância e adolescência por ingenuidade. Durante o início da nossa vida adulta entramos num período de desconfiança, em que já estamos, ou pensamos estar, conscientes da realidade e sabedores da diferença entre o bem e o mal; a verdade e a mentira. Nesta fase tornamo-nos cépticos. Muito difícilmente acreditamos nas coisas e até nas pessoas. É o rescaldo das provações e dos insucessos da infância e adolescência.

Numa outra fase, a da maturidade, em que continuamos a não acreditar mas por uma questão, até de saúde mental, queremos voltar a acreditar e então, tornamo-nos exageradamente optimistas, positivos como nunca fomos!

Eu estou assim. Optimista, crente e acima de tudo a não ( querer) pensar muito no que vai acontecer e como vai acontecer. Sofrer por antecipação há muito que deixou de ser o meu lema de vida.

Se dantes as pessoas tinham de dar provas para serem minhas amigas, agora não dando provas de não o serem ( deixem-me no meu canto) já será suficiente para serem minhas amigas.

MAS, há coisas que não mudam e que se arrastam de um passado não muito remoto mas muito doloroso cuja ferida ainda não cicatrizou.
E é uma ferida muito dolorosa, que quando se toca dói, dói tanto que mesmo sabendo quem a provocou não está bem, não me deixa esquecer, não me deixa curar essa ferida. E também porque essa mesma pessoa, mesmo não estando bem tenta tocar-me na ferida e provocar-me dor, muita dor.
É difícil evitá-lo. Passam-se dias, semanas, até meses que não o consegue, mas quando me apanha num momento de maior distracção ou tolerância, lá vem ela colocar-me o dedo na ferida e a dor é tão grande, tão profunda que vai até ao lugar mais profundo da minha alma, do meu coração...
E eu lembro tudo, fico triste, muito triste, com muita dor dentro de mim.
Noutros tempos, na adolescência, ficaria revoltada, com ódio. Hoje não. Não tenho tempo para me preocupar em ter ódio, revolta... só mesmo pena. Pena porque ela não sabe que o tempo é demasiado precioso e parco para o estarmos a desperdiçar com ódios, vinganças, revoltas, invejas... o tempo não chega para estarmos com as pessoas que amamos e para fazermos as coisas de que gostamos.

Lamento, tenho pena... e ter pena de alguém não é um sentimento muito nobre...

... e isto foi um momento...

3 comentários:

Alberto Velez Grilo disse...

O pior de tudo é que há coisas que o nosso cérebro não apaga.

Às vezes era bom que houvesse um botão...

Reflexos disse...

...pois, mas aí está a diferença entre as máquinas e nós...
Mas realmente se esquecessemos era bem melhor para nós!

Becas disse...

sem dúvida, concordo...

e digo mais: o ser humano tem uma capacidade enorme de perdoar, por mto que o tenham magoado, mas esquecer é algo mto dificl...