Hoje tínhamos consulta marcada. Era de avaliação e ia fazer uma angiografia. Ia ser para verificar o comportamento da retina durante o processo de recuperação.
Só que recuperação tem andado desaparecida dos nossos dicionários. Ontem quando cheguei a casa queixou-se que estava a ver pior, que mal me via. Que não era nada como antes da segunda cirurgia, mas que se sentia muito pior!
Disse-lhe que telefonasse ao médico. Não quis!
Deitei-me com o coração apertado a desejar que a noite passasse rápido.
Tínhamos consulta marcada para as 10h30. às 9h30 já estávamos na clínica. Anunciamo-nos e logo a seguir foi fazer testes de visão. Péssima. Nem as letras maiores conseguia ver ao longe!
Quando o médico o viu, ficou preocupado. Fez uma primeira avaliação. Perguntei-lhe o que seria. Disse que não podia responder naquele momento. Tinha que fazer mais exames depois de dilatar. A única coisa que podia dizer no momento era que da operação à catarata estava tudo bem.
Foi dilatar. Meia hora mais tarde voltamos ao consultório. Nova avaliação. Agora da retina, a maior preocupação. Dois minutos, que mais pareceram duas horas, disse que a retina estava bem e que o que ele tinha era uma inflamação do pós operatório.
Mais uma vez que podia acontecer, mas que não era habitual.
Fez novo plano de tratamento. Novas gotas, agora só dois tipos, mas mais vezes: seis vezes.
Pediu que voltássemos na terça-feira e que esperava que Domingo ele já estivesse melhor.
Despediu-se com o aviso: 'Para a próxima, telefona! O que combinamos foi que telefonavas e não que esperasses! Se me ligasses ontem, hoje já estavas melhor!'
E as ultimas palavras foram: 'Não é nada de especial, acreditem! Eu não vos escondo nada!'
Viemos embora. Eu mais aliviada. O L. com outro ânimo e a dizer:'Eu não vou deixar de ver, pois não?'
Eu já não sei que dizer. Já não consigo sentir-me animada com palavras. Só com resultados, que tardam em chegar!
Sempre estive optimista em todo este processo. Quero continuar a estar, mas está difícil.
Optimismo, recuperação, sucesso, fim, descanso, precisam-se... quero acreditar que tardam, mas que vão chegar... precisam-se!
'Eu não vou deixar de ver, pois não?', voltou a perguntar. 'Não. Não ouviste o médico dizer que mesmo se fosse com a retina havia solução?!'
'Pois viu-se a solução da outra vez!', respondeu.
'Sim, L., há solução se as pessoas não deixarem passar quinze dias e no entretanto andarem a viajar...'
Calou-se. Veio calado até casa. Sabia que eu tenho razão, nesta longa história que se passou há doze anos sobre a qual um dia falarei...
Eu (ainda) acredito. Não sei se no médico, se na capacidade de recuperação do L., se na minha Estrelinha, se na, ou pela, força que tenho recebido de tantas pessoas.
Mas eu acredito, porque essas pessoas merecem... é a forma que tenho de lhes retribuir toda a força e carinho que me têm passado nestes últimos longos quinze dias.
Obrigada
Sem comentários:
Enviar um comentário