terça-feira, 15 de julho de 2008

Como se fosse hoje

Lembro-me como se fosse hoje!
Tinha entrado para o ISEP, mas decidira não frequentar as aulas desde o início para poder acabar o estágio técnico-profissional que estava a frequentar na EFACEC.
Eram os primeiros dias de Novembro, segunda feira e a primeira aula do dia era Análise Matemática às 14h!
Cheguei já tarde ao ISEP e, como como ainda perdi tempo à procura da sala, quando a encontrei, a aula já tinha começado!
Bati à porta, e depois de ouvir um 'entre!' vindo de dentro, abri-a.
Assim como abri a porta, senti que tudo parou lá dentro! Vinte e poucos rapazes mais o professor por momentos ficaram a olhar para mim como se em choque estivessem!
Não, não é que eu fosse uma brasa, nem de longe, mas é que um mistério acabava de se desvendar: a única rapariga da turma tinha aparecido!
E logo na aula de análise, onde o professor tinha uma predilecção por meninas, tendo inclusive a fama de as beneficiar nas notas: nunca nenhuma rapariga tinha chumbado com ele!
Se é verdade ou não, não sei...eu passei, mas Matemática não era problema para mim, qualquer que fosse o professor!
As coisa voltaram ao normal, eu sentei-me num lugar que estava livre na ponta de uma fila e, ali fiquei atá ao final da aula!
E assim foi até ao final das aulas daquele dia. Entretanto fui 'metendo' conversa com os colegas, pedindo apontamentos e Ambientando-me!
No final da tarde, saí das aulas, tomei o caminho a pé até à paragem do autocarro. Quando o autocarro para minha casa chegou, o sete, entrei! Parecia cheio, olhei para o fundo do autocarro À procura de um lugar...nada de lugares, mas ao fundo vi alguém que reconheci! Um rapaz magro, alto. Vestia uma gabardina azul e tinha uma mochila vermelha e preta. Sorriu para mim...mas quem era? Pois era um dos rapazes da minha turma, um dos vinte e tais, um dos muitos que não tinham falado comigo...ainda!
Consegui chegar junto dele, disse-lhe olá e perguntei-lhe:
-Moras em S. Mamede?
-Não, moro na Ponte da Pedra. Sou do Alentejo e estou a viver em casa de uns tios, respondeu-me ele,
-Pois é que eu não te conheço de S. Mamede!

Depois disso teremos trocado mais algumas palavras antes da minha saída. Mas muitas trocamos nos dias, nas semanas, nos meses e nos anos seguinte e...muitas mais haveremos de trocar nos dias, nas semanas, nos meses e nos anos que vierem!

Mas foi assim o dia em que conheci o meu AMIGO, o meu grande AMIGO, o meu maior AMIGO.

Lembra-se, Alberto, deste dia?

2 comentários:

Alberto Velez Grilo disse...

Claro que sim...

Foi há 20 anos...

Não me consigo lembrar do que tinha vestido... Mas claro que me lembro do autocarro...

Belo texto...

Obrigado...

Reflexos disse...

Ainda bem que gostou!