sexta-feira, 18 de julho de 2008

Parabéns Pai, Parabéns Mãe.

Faz hoje 43 anos que o meus pais se casaram!
Conta quem foi ao casamento, que, para a época foi um casamento cheio de pompa e circunstância!
É uma história muito engraçada, a dos meus pais, apesar de igual a tantas outras da da época!
O meu pai, o filho mais velho de três, do jardineiro e da governanta do consulado e a minha mãe, filha única, do Chefe Reis (da PSP) e da D. Bina.

Era, por isso, uma relação que não era vista com bons olhos! E, ironicamente pela família do meu pai, que achava que a minha mãe era uma menina de bem, que habituada a grandes luxos, ia por isso desgraçar o meu pai! O meu pai, rapaz pobre, trabalhador-estudante, recentemente regressado de Angola, onde tinha estado na guerra, a defender as nossas colónias!

A minha mãe, era realmente uma mulher muito vistosa! 1,70 de mulher sempre com os modelos da última moda...era a referência das raparigas da freguesia e apelidada de 'miss' pelas mulher mais velhas. É evidente que este ´miss´tinha conotações diferentes de boca para boca! Para uns era pelo modo irrepreensível com que se apresentava sempre, para outros era a inveja a falar e para muitos outros muitas outras coisas, que só ouvindo, poderíamos 'ler' nas entrelinhas!

O meu pai, rapaz sossegado, aparentemente, conhecia-se-lhe poucos amigos. Ao fim de semana andava sempre sozinhos, fazia grandes caminhadas pela estrada de Entre-os-Rios...acabando sempre por ir parar aos sítios onde a minha mãe estava nos bailaricos, de que ela tanto gostava!
Antes de ir para África, tinha conseguido entrar para o curso de Engenharia Mecânica, conciliando-o com o emprego na EFACEC!
Era um grande opositor do regime, faceta esta, que poucos conheciam, mas era um grande activista político, tendo sido o seu maior desgosto político a morte de Humberto Delgado!

Antes de o meu pai ir para África, os meus pais não passavam de bons amigos. Muitas vezes encontravam-se junto ao rio e passavam horas a falar das suas preocupações e das seus sonhos, nunca a pensar que um dia se cruzariam!

A ida do meu pai para Angola, foi muito repentina. o meu pai tinha cumprido serviço militar na metrópole e sido reintegrado no emprego que tinha na EFACEC desde os 16 anos, quando recebeu 'guia de marcha' para África.
Foi um grande transtorno na vida dele e da família, até porque o dinheiro dele contribuía para o sustento da família!

Lá foi ele, de barco, como iam a maioria deles! Esteve lá 23 meses e foi durante esses 23 meses que a amizade dos meus pais se transformou em algo mais: o Amor!

Tiveram de vencer muitos obstáculos colocados pela família do meu pai, obstáculos esses sempre vencidos com a ajuda da família da minha mãe, que apesar dos preconceitos próprios da época, não se deixou intimidar pela diferenças social!

Casaram no dia 18 de Julho de 1965!
Tal como já disse no início, foi um casamento muito requintado, suportado pelos meus avós maternos e pelos meus pais!

Dessa união nasci eu,ó eu...dizem eles que saiu tão bem à primeira, que não foi preciso repetir!
Mas não foi nada disso: por um lado o meu pai queria que os filhos dele não passem as mesmas privações que ele havia passado na infância. E por outro, a que mais pesou, foi o facto de terem descoberto um problema cardíaco na minha mãe, cuja reacção era desconhecida perante uma gravidez!

Parabéns Pai, Parabéns Mãe...continuem sempre assim, por muitos e largos anos com as todos os vosso defeitos e virtudes...é assim que eu gosto de vocês.

Vocês são lindos e eu adoro-vos mais que tudo!

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