terça-feira, 21 de abril de 2009

Quanto Custa a Liberdade:Tens Razão!


Este puto reguila, é hoje um homem com 70 anos, que tem muitas histórias lindas de vida.


De puto irrequieto passou a adolescente rebelde.


O pai matriculou-o na escola comercial, sem saber se o rapaz tinha vocação, só mesmo porque o Sr Bacelar lhe prometeu um emprego no banco para o rapaz.


Inconformado, disse um dia ao pai que não gostava daquilo e que queria mudar para a escola industrial para estudar mecânica...


Não fosse o poço por onde ia a passar perto, estar tapado e malhava lá dentro, tal foi a força da bofetada que levou! A reforçar a bofetada ainda ouviu:' Se queres mudar de escola, vai trabalhar e paga tu os estudos!' 'Que vou dizer ao Senhor Bacelar!?', ouviu ainda um resmungo, enquanto Victor respondia: 'Está bem, até já arranjei!


Assim foi, deixou a escola comercial, matriculou-se na industrial e foi trabalhar para a Efacec como ajudante de serralheiro.


Rapaz sempre muito sociável, depressa conquistou a simpatia das pessoas de lá, uma delas o Engenheiro António Ricca, que a ele e a mais meia dúzia de rapazes, oferecia prémios em dinheiro aos que tiravam melhores notas. E nos dias de chuva, levava-os à escola. Sim era um Homem bom e bondoso, para aquela e todas as épocas. Afinal são características que não passam de moda!


Rapazes novos, informados, depressa as injustiças sociais começaram a ser motivo de interesse deles. Daí a começar a ler o Avante foi uma pressa. As greves, os avisos, as reuniões da praia de Matosinhos eram uma constante.


Conta ele, que quando havia greve os panfletos eram guardados nos tubos da bicicletas e que ele e os colegas tinham códigos para informar as fábricas das redondezas sobre as intenções das diferentes comissões de trabalhadores.


Com os amigos participou nas campanhas de Humberto Delgado e, no dia em que ele morreu fizeram luto!


Conta ele, que um dia a Pide o foi buscar à Efacec. Foi, cheio de medo. Esteve lá um dia, de pé, sem comer, sem beber. Ninguém lhe bateu, ninguém lhe fez mal, só perguntas, muitas perguntas, a que ele ia respondendo como podia...


Já noite cerrada, deixaram-no sair. Conta ele que começou a correr, sem olhar para trás uma única vez, tal era o medo!


Chegou a casa tarde, fora de horas. O pai esperava-o. Perguntou-lhe onde esteve. Respondeu vagamente, com mentiras. Pois safou-se da Pide, mas não de uma tareia de cinto do pai!


Era assim a vida naquele tempo. Tempos de ditadura, que começava portas adentro...

Por esta e muitas outras, a maior ofensa que se pode fazer ao Sr Victor é dizer q não vamos votar.
Fica furioso e diz: 'Vocês não sabem nada, tanto sangue derramado para isto?'. Vem logo um discurso de duas horas sobre eleições, campanhas eleitorais, do passado... 'Tens razão', dizemos nós. É que tem mesmo!


1 comentário:

Alberto Velez Grilo disse...

Apoiado.

Grande homem o Sr. Victor!