sexta-feira, 14 de agosto de 2009

RR


Há muitos, muitos anos, andava eu na escola primária e o 'passeio da escola' foi a Barcelos.
Mas como eu tinha uma professora que primava pela diferença, não nos levou à feira, levou-nos sim a visitar a Rosa Ramalho!
Quando lá chegamos, estava uma senhora muito velhinha, a moldar barro. Tratava o barro por 'tu' e fazia dele o queria. Tinha umas mãos grossa, mas muito ágeis, que sem meiguice fazia do barro o que queria. Durante o tempo que lá estivemos saíram das mãos dela uns poucos de Cristos. Parecia tão fácil!
Lembro-me que quis comprar um. Custava 12$50. Contei o dinheiro que tinha no porta-moedas e 'já não chega!'- disse eu à senhora que estava a vender as peças, a neta. A minha cara devia espelhar tanta desilusão, que a senhora perguntou: 'E quanto tens?'. '11$00'-respondi.
Foi então que a senhora foi junto da barrista, que sem tirar os olhos do barro e depois de algumas palavras da neta, acenou de forma afirmativa com a cabeça.
A neta voltou então para junto de mim e disse: 'Está bem, leva o Cristo, fica com 1$00, podes precisar até casa.'
Que feliz eu vim!
Até ali eu não sabia quem era Rosa Ramalho. Para mim tínhamos ido ver como se modelava o barro e nada mais.
Mais tarde é que percebi quem era Rosa Ramalho.
O Cristo ainda existe...
Felizmente a neta Júlia Ramalho, a senhora que me vendeu o Cristo, seguiu as suas pegadas.

Obrigado Alberto por ao assinalar o aniversário do nascimento da Rosa Ramalho me ter feito ir ao baú buscar este dia...

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