terça-feira, 25 de maio de 2010

Terça, Flashback IX ( Cinema Girassol, o nosso Cinema Paraíso )

Para esta semana, fui ao baú buscar um post à sorte, confesso. Mas não é à sorte que fiquei com uma saudade enorme, de Vila Nova de Milfontes, daquelas férias em '92, do Alberto, do Menino, da Xana, das idas ao Cinema Girasol, de não ter dinheiro para andar nem de transportes públicos, de não ter dinheiro para dormir em hotéis, de comer só sandes e fruta, de..., de..., de tanta coisa.
Tanta coisa que se pudesse não queria repetir. Os bons momentos, são como a vida: uma vez chega!
Resta-me rever o filme, mas nem isso vou fazer, porque nem isso gosto de fazer: ver o mesmo filme duas vezes...


A propósito do post O "cinema de pipoca" ou a pipoca no cimena..., do meu amigo Alberto, no Outras escritas: lembrei-me do Cinema Paraíso, do filme... e lembrei-me do Cinema Paraíso que eu conheci, onde estive ... o Cinema Girassol!

O Cinema Girassol era, era porque já não existe como cinema, era o cinema de Vila Nova de Milfontes, lembra-se Alberto?



Tal como o do filme, o dono era um senhor de idade, que mais tarde vim a saber chamar-se António Feliciano, que vendia os bilhetes e 'passava os filmes'. A bilheteira era uma casinha no pátio do recinto, tipo as das diversões das feiras, e o cinema, propriamente dito, era um edifício em pedra, pintado de branco, com o telhado à vista, mesmo de dentro do cinema e as cadeiras eram cadeiras de esplanada, em ferro, como as que vemos nas esplanadas a fazer publicidade à cerveja e à coca-cola.
Ir aquele cinema, era uma experiência única. O filme seria o menos importante, não fosse numa das vezes o filme visto ser o 'Silêncio dos Inocentes'.
Quando lá estive, numas férias em 1992, não conhecia a história do cinema.
Mais tarde, em 1994, numa reportagem da SIC tive a confirmação de que este é o nosso Cinema Paraíso. No blogue Vila Nova de Milfontes, encontramos muitas semelhanças.
António Feliciano para além de proprietário do cinema Girassol, era também projeccionista ambulante, levando o cinema às terra da província com a sua 'carrinha de cinema'.
A SIC acompanhou-o durante uns dias e pôde registar que ele era festa que chegava às aldeias.
A sua paixão pelo cinema começou, também, ainda era ele criança, quando um também projeccionista ambulante, passou por Sabóia, sua terra Natal, no concelho de Odemira. Desde esse dia, o sonho de fazer o mesmo ficou, sonho esse que se concretizou: levar alegria às aldeias portuguesas.

Em 2004 voltei a Vila Nova de Milfontes e o cinema já não funcionava. Não sei os motivos, não quis saber, só ficar com a recordação das duas idas mais fantásticas ao cinema.

Porque eu fui ao Cinema Paraíso, aliás fomos, não fomos Alberto?

No diário das férias de 1992, está assinalada a nossa passagem pelo cinema:

Quarta-feira, 12 de Agosto de 1992
Ontem
à noite fomos ao cinema ver 'Ases Pelos Ares'. Gostamos muito...das cadeiras que eram super confortáveis. O filme também era bom (!?). ...


Quinta-feira, 13 de Agosto de 1992

Ontem À noite eu o Alberto e o Menino fomos ver o Silêncio dos Inocentes.

2 comentários:

Alberto Velez Grilo disse...

Pois fomos ao Cinema Paraíso, sim senhora.

E as cadeiras eram o máximo...

Eram mesmo outros (bons) tempos...

Reflexos disse...

O cinema e aquela época eram o paraíso.
E eu sinto-me muito satisfeita por naquela época ter essa noção, de que eramos felizes com o que tinhamos.
Deve ser muito mau só nos apercebermos do quanto as coisas e os momentos são bons depois de eles passarem...