domingo, 16 de maio de 2010

Viver no Campo

Quando há 6 anos decidimos sair do apartamento e vir para aqui viver, uma casa geminada, estava convicta de que ia encontrar sossego.
Como estava enganada!
Se no apartamento tinha barulhos de elevadores, portas de entrada a bater, e tacões de sete centímetros a bater constantemente na minha cabeça, aqui tenho:
Um vizinho que deve ter um fetiche por rebarbadeiras, berbequins, e associado a tudo isto, e para dar utilidade a todos estes apetrechos, quando está em casa, a vida dele é deitar paredes abaixo, levantar muros, furar paredes, trocar tijoleiras... enfim! E quando não é isso ainda resolve fazer uns biscates nos carros dos amigos e desempenar uns guarda-lamas e umas portas.
Isto à semana a partir das seis da tarde até... depois da hora permitida. Ao fim-de-semana, a toda a hora!
Agora, por exemplo, anda a cortar a relva...
Do outro lado tenho uns vizinhos com uns horários, diferentes dos meus e dos da maior parte da vizinhança: saem de casa depois do almoço, uns, depois do jantar , outros e chegam tipo quatro, cinco da manhã. Seria problema deles, não fosse a fritaria que fazem no silêncio da hora e do bater das portas. A ajudar a música vem sempre em altos berros.
A sorte é ao fim-de-semana, ou dormem, ou estão fora. É que nos poucos que passam em casa, a algazarra é tal que... pronto é de dia, estão na casa deles... paciência!

E não fica por aqui. O da frente, esse já ganhou para muita coisa, inclusivé trocar de carro umas poucas vezes desde que cá estamos. Nada contra, não fosse o não ter ganho para um motor para o portão da garagem, que faz uma barulheira infernal sempre abre e fecha. É que nem para um lubrificante deve ter havido dinheiro ainda... se bem que esta parte deve-se dever mais a discernimento e dois dedos de testa!

E há uma coisa que eu não percebo, e que já acontecia no apartamento: para que querem as pessoas as garagens? Será pra guarda lenha? Será para garrafeira?... ou para estender a roupa?
E que esta gente tem cá um (mau) hábito de deixar os carros na rua! E pronto, para quem quer entrar ou sair da garagem tem as manobras dificultadas!

E não fica por aqui. Esta terra está sempre em festa, se tivermos em conta que há foguetes todos os dias da semana! Ao fim-de-semana é de manhã à noite. À semana são mais contidos: é à noite, a horas de algumas pessoas já estarem deitadas!

E eu, faço barulho? Claro que também faço barulho. Claro que também tenho portas em casa, claro que também tenho relva para cortar e, claro, que só eu tenho dois cães que quando lhes dá para ladrar, ninguém os cala. Resta-me o descanso que são cães que dormem a noite toda e só ladram quando sentem ruídos estranhos. Já não ligam às chegadas tardias dos vizinhos, nem se juntam ao ladrar de outros cães das redondezas... verdadeira sinfonia!

E só mais uma coisinha: há recolha de lixo diária. Óptimo! Pois, não fosse recolha ser depois das onze da noite, com os homens do lixo a gritarem uns com os outros e a atirarem com os sacos do lixo para dentro do camião!
É que há pessoas que ainda não fazem selecção de lixo e o eco dos vidros a baterem na chapa do camião... ouve-se, pronto!
Por isso, nunca pensem que viver afastado da cidade traz sossego!

E agora vou acabar o almoço ao som de um cortador de relva, depois de ter acordado às sete da manhã com portas a bater!

Que sítio esossegado, diz quem cá vem! Ilusões!

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