Eu ainda não consegui realizar, que aquela força da natureza, como eu te chamava, já não calcorreia as ruas do Porto de lés a lés, que já não vai ao supermercado e compra de uma assentada 25 kg de batatas, que..., que... e que está ali fechada!
Confesso, neste momento uma lágrima cai-me do canto do olho, lágrimas que não consegui deitar no dia do teu funeral... para mim não era eras tu quem ali estava, era alguém, não era a mulher que me ajudou a nascer, a mulher que me cortou o cordão umbilical, a mulher que, com toda a sua força, as ultimas palavras que me disse foi: Tu és igual a mim', enquanto batia com a mão no peito!
Pois avó, eu sou igual a ti! Tu gostavas de ser livre, independente... como me custa usar o passado para falar de ti... tu não eras pássaro de gaiola e, quando te sentiste engaiolada, de um dia para o outro, ainda lutaste, mas perdeste esta batalha!
E porque somos iguais, nunca conseguimos dizer uma à outra o que sentíamos... para quê? Era tão forte, que não precisava de palavras... corria-nos no sangue!
Se estivesse a escrever numa folha de papel, certamente ninguém poderia ler... agora as lágrimas caem-me sem pedir licença!
Não te vou pedir desculpa por nada, apesar de saber que fiz, aliás, fizemos coisas mal feitas com a nossa relação, mas das muitas coisa que me ensinaste 'Desculpas não se pedem, evitam-se'.
Também não vou dizer que eras uma santa... ninguém o é, o bem e o mal está em todos nós... por isso o teu e o meu também, mas conseguíamos vê-lo sem dúvidas... não usavas disfarces... e aí é que está a diferença: Não no ser bom ou mau, mas sim honesto com as pessoas, com os sentimentos e com nós próprios e, isso, tu sabias fazer bem, tão bem, que não te deixou viver a vida que tu não querias: amarrada a uma cama!
Adoro-te!
2 comentários:
Obrigada mais uma vez pela partilha essencial de uma avó que continua viva e presente; por contar em poucas palavras uma vida tão inspirada e inspiradora; por revelar uma maneira de ser tão alegre, incisiva, nobre e profunda. Também me comoveu. Etambém me fez recordar a minha avó Laurinda e a minha avó Vitória. Obrigada por tudo e tanto.
Como é bom chorar, o que não consegui chorar quando a minha avó partiu, como gostava que estivesse aqui para os meus filhos a verem pq sei que ela onde quer que está os conhece bem. Obrigada. Continue a escrever.
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