domingo, 19 de outubro de 2008

Solidariedade

Hoje quando estava no banho lembrei-me de algo muito engraçado:
Em S. Mamede, pegado à casa onde eu morava, havia uma família em que um dos filhos tinha, o que nós dizíamos na altura, um atraso mental. Chamava-se António e todos lhe chamavam Tono. Nos períodos em que a mãe ia trabalhar, ele ficava pela rua, ou a brincar ou a fazer recados a quem lhe pedisse. Sempre que podia, tomava banho: de manhã, à hora do almoço, ao fim da tarde quando a mãe chegava, antes de se deitar... enfim banho para ele era sagrado!
Com ele, muitas vezes andava um outro rapaz, o Fredo, que vivia num acampamento nas redondezas da vila. Esse, ao contrário do Tono, era alérgico à água. Muitas vezes era impossível chegar perto dele, tal era o cheiro a suor.
Um dia a mãe do Tono, desesperada com o gasto de água, perguntou-lhe: 'Para que estás sempre a tomar banho? É de manhã, é à hora do almoço, á à noite... Não podes tomar banho só de manhã e à noite?'
A resposta dele foi: 'Ó Mãe, tem que ser, não vês que alguns são pelo Fredo? É que ele não toma banho e eu tenho de tomar pelos dois!'

1 comentário:

Alberto Velez Grilo disse...

A lei das compensações...