Ao ler no Blogue da Laurinda sobre todos os acontecimentos da vida da família dela nos últimos dias e a forma positiva como ela encara a situação, aliás, como deve ser encarada; lembrei-me de uma cena que se passou comigo há um bom par de anos, aliás... de décadas:
A partir do 10º passei a frequentar uma escola secundária longe de casa. Eu morava em S. Mamede de Infesta e a escola, a Secundária do Infante D. Henrique fica zona da Boavista, Av. Cinco de Outubro.
Para ir para a escola tinha de apanhar um autocarro, o 86, que dava uma volta enorme... demorava cerca de uma hora a chegar à escola. Tinha sempre a alternativa de ir em dois, que usando o caminho mais curto, mesmo sendo dois, demoravam menos tempo... corria era o risco de ter de esperar muito tempo pela ligação e aí não compensava!
Mas pronto, naquela idade o tempo é mais barato e por isso era sem stresse que eu ia naquele autocarro, até porque encontrava os meus antigos colegas, que apesar de andarem em escolas diferentes, como o autocarro dava uma volta grande, passava por quase todas as escolas...
Um belo dia, íamos a passar em frente ao Hospital de S. João, em plana Circunvalação, hora de ponta e... uma senhora atravessa a Circunvalação a correr, tropeça e cai em plena faixa de rodagem a 10 metros do autocarro. Os carros tiveram tempo de a contornar, a senhora levantou-se e continuou, parando depois no passeio para se recompor do susto, claro está!
Era hora de ponta, o autocarro também ia cheio, e no autocarro em unissono ouviu-se um 'Ahh!'. Eu nesse dia ia com um amigo meu, o Patarata, e saiu-me a seguinte frase, bem alto: 'Que sorte!' Todos olharam para mim, como dizendo em unissono: 'Que sorte!???' O Patarata olhou para mim e perguntou exactamente isso: 'Que sorte?! Estás tola?'
'Não, não estou tola. Ela só caiu... já viste se era atropelada. À velocidade que os carros passam a esta hora estava num bolo!'
O Patarata, que era um rapaz muito divertido, começou a rir-se às gargalhadas e disse: 'Só tu!'
As pessoas do autocarro, que continuavam a olhar para mim, umas encolheram os ombros, como a dizer 'É tolinha', outras acenaram com a cabeça, como dizendo:'Vistas as coisas assim, até tens razão!'
Esta cena, a da senhora a cair em plena via rápida, o que não desejo a ninguém, e a das pessoas dentro do autocarro a olharem para mim, não hei-de esquecer, mas também me recordo dela com orgulho em mim, pois a minha reacção deu provas da forma positiva como vejo as coisas... como elas devem ser vistas: ' Na escuridão há sempre uma nesguinha de luz... às vezes temos de procurar bem, mas que há, há!
E a Laurinda está a ir por este caminho, está a seguir a luz branca... sim Senhora!
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