Quando se fala de Ary dos Santos, a imagem que me vem à memória é de um homem gorducho, na televisão a ler (declamar?) (a sua) poesia.
Lembro-me que me senti intimidada com aquele homem... falava tão rápido e tinha ar de mau!
Perguntei ao meu Pai quem era. Respondeu-me que era Ary dos Santos e que havia um disco, que está agora em minha casa e há minutos estive com ele na mão a recordar este episódio; se eu quisesse podia ouvir.
Mas, Pai, a minha professora não nos lê assim os poemas... é mais meiguinha!-Respondi...
Não ouvi o disco naquela altura, só anos mais tarde.
O 'mau' era força, convicção, acreditar... era a mensagem interior, claro!
Falar de Ary dos Santos, lembro-me logo de Fernando Tordo, Paulo de Carvalho, Simone de Oliveira... uma geração de ouro, de grandes pérolas Portuguesas.
Lembro-me que me senti intimidada com aquele homem... falava tão rápido e tinha ar de mau!
Perguntei ao meu Pai quem era. Respondeu-me que era Ary dos Santos e que havia um disco, que está agora em minha casa e há minutos estive com ele na mão a recordar este episódio; se eu quisesse podia ouvir.
Mas, Pai, a minha professora não nos lê assim os poemas... é mais meiguinha!-Respondi...
Não ouvi o disco naquela altura, só anos mais tarde.
O 'mau' era força, convicção, acreditar... era a mensagem interior, claro!
Falar de Ary dos Santos, lembro-me logo de Fernando Tordo, Paulo de Carvalho, Simone de Oliveira... uma geração de ouro, de grandes pérolas Portuguesas.
Os putos
Um sorriso traquina, um chuto
Na ladeira a correr, um arco
O céu no olhar, dum puto.
Uma fisga que atira a esperança
Um pardal de calções, astuto
E a força de ser criança
Contra a força dum chui, que é bruto.
Parecem bandos de pardais à solta
Os putos, os putos
São como índios, capitães da malta
Os putos, os putos
Mas quando a tarde cai
Vai-se a revolta
Sentam-se ao colo do pai
É a ternura que volta
E ouvem-no a falar do homem novo
São os putos deste povo
A aprenderem a ser homens.
As caricas brilhando na mão
A vontade que salta ao eixo
Um puto que diz que não
Se a porrada vier não deixo
Um berlinde abafado na escola
Um pião na algibeira sem cor
Um puto que pede esmola
Porque a fome lhe abafa a dor.
Hoje faz 71 anos que nasceu!
1 comentário:
E hoje, faz 25 que morreu... Ainda falei com ele algumas vezes, porque ele era amigo de um dos meus irmãos mais velhos. Era um extraordinário poeta e, como muito bem lembra aqui, ficou ligado a algumas das mais belas canções portugesas.
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